Dentro deste carro estavam pessoas aflitas, amedrontadas, adultos e crianças que, desesperadamente, tentavam escapar do inferno em cujo fogo acabaram por ser consumidas!
Não são nem podem ser lisonjeiras as
apreciações que lá fora se fazem a propósito do que acontece em Portugal no
período dos incêndios florestais.
A Tragédia de Pedrógão deixou todos profundamente
impressionados e mostrou ao mundo a nossa incapacidade para enfrentar estes
acontecimentos, por mais esforçados que sejam os homens que lhes fazem frente
e, até com risco da própria vida, tentam defender outras vidas e os seus bens que as
chamas, impiedosamente, vão consumindo.
A “riqueza” que estes incêndios consomem a
cada ano que passa é enorme, mas, sobretudo, os danos que causam às suas
vítimas humanas são demasiado pesados, muitas vezes deixando na miséria
absoluta quem por eles é afectado.
Ano após ano se criticam as causas destes
infernos a que tanta gente é condenada em vida, se fala de planos e de
preparação que não permitam que tudo, de novo, se repita, mas parece que os
primeiros pingos de chuva que Setembro ainda continua a trazer-nos e apagam os
últimos fogos, lavam, também, a lembrança daquilo que tantos sofreram e tudo
continua na mesma.
Desta vez a crítica alargou-se ao mundo
inteiro que fala de "inoperância e alarmante falta de recursos
do Estado luso para fazer frente aos incêndios florestais, um flagelo que o assola
todos os anos".
No conceituado diário espanhol El Mundo,
alguém escreve que "É inaceitável que, no século XXI, um incêndio num país
da União Europeia provoque tantas fatalidades. Tendo em conta, sobretudo, os
incidentes dos últimos anos. Este
terrível episódio prova que Portugal não está pronto para enfrentar o
fogo. Não tem realizado o trabalho de prevenção adequado, nem tem um
dispositivo ideal para controlar, delimitar e extinguir os incêndios, o
que revela não só a ineficácia dos seus equipamentos, como uma preocupante
falta de meios".
Não é o primeiro ano que críticas deste tipo
nos são feitas.
Não sei o que sucederá ainda mais este ano
com os níveis de secura em que Portugal, um país territorialmente
desorganizado, se encontra e com os fenómenos meteorológicos variáveis que um
Verão quente e seco nos promete.
Aliás esta será mais uma das consequências
das alterações climáticas às quais se não presta a atenção devida e até o que
dizem ser o “homem mais poderosos do mundo” considera uma invenção.
A Humanidade está, infelizmente, entregue ao
governo de homens sem o conhecimento e a inteligência que as dificuldades
crescentes exigiriam para serem superadas.
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