Quando um grave acidente acontece, logo há
que clame por cabeças, normalmente de governantes, como se tal fosse a solução
mágica para castigar culpados e, como é natural que se deseje, que tal não
volte a acontecer. E o ministro da Administração Interna é quem está, muitas
vezes, na berlinda.
Alguns acabam por sair outros não, mas jamais
me parece que essa seja uma atitude que resolva o problema criado, ou minimize
o mal causado ou, sequer, explique o por que de ter acontecido.
Desta vez pede-se a cabeça da ministra e,
francamente, a não ser como uma atitude sem sentido, não vejo a razão de ser.
Recordo-me, a propósito, daquele outro
terrível acidente que foi a queda da Ponte Hintze Ribeiro (Entre os Rios),
outro acidente que causou a morte a muita gente e se não pode imputar a uma
pessoa concreta e única mas sim a erros técnico/institucionais graves que, no
fim, ninguém invoca nem esclarece.
Enquanto, desta vez, a ministra entende, a
meu ver bem, que deve continuar e contribuir para a solução dos problemas, naquele
outro caso, ainda não tinha terminado a viagem que fazia quando ouvi a notícia
e já o ministro se demitia!
Lembro-me de me ter perguntado por que razão
o faria, se fugia de responsabilidades que não tinha ou se por qualquer outra
razão ou interesse, talvez aquele que leva a dizer que “o que é bom não é ser
ministro, mas tê-lo sido”.
As consequências responderam-me.
Continua a atribuir-se a causa do acidente a
deficiências estruturais que, numa estrutura já velha e carente de manutenção, é
fácil presumir que existissem, mas não foram elas a causa próxima do que
aconteceu.
Essa foi outra que, oportunamente, esclareci,
mas não serviu para nada neste país onde se procuram as razões no blá-blá-blá e
em “evidências” que a realidade, depois, não confirma.
Não vejo como atribuir aos ministros as
culpas em qualquer dos dois casos. Vejo, apenas, atitudes diferentes em
circunstâncias em que a demissão não resolve coisa alguma.
Melhor seria atentar nos verdadeiros culpados…
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