É natural sentirmos necessidade
de comunicar, de transmitir o que pensamos acerca do que acontece e outras
coisas até, mas nem sempre encontramos facilmente a pessoa certa ou disponível
para nos escutar ou connosco discutir a ideia que tivemos ou o que nos
preocupa.
Nem todos nos interessamos pelo
mesmo, é certo, mas há coisas que, quer o queiramos quer não, se interessam por
nós, quero dizer, afectam a nossa vida independentemente de, por elas, nos
interessarmos ou não.
Em tempos de dificuldades, esta é
uma verdade irrecusável! Até podemos fingir que não vemos e nem sentimos o que
se passa, mas a verdade é que se passa e acabaremos por sofrer-lhe as
consequências, tanto mais sensíveis quanto mais distraídos andarmos. E se em
alguma altura da vida foi importante ser um participante activo na construção
do futuro, é esta agora!
O “face book” (FB) pode ser o
ponto de encontro de interesses comuns, um bom local para confrontar ideias ou,
mesmo até, para expor as que tivermos, independentemente de alguém por elas se
interessar ou não. E muitas outras coisas mais.
Posso ali colocar o pensamento
que tive, manifestar a revolta que me invadiu a alma, a explicação que
encontrei seja para o que for, o poema que fiz, a imagem que captei, enfim, qualquer
coisa que quero que outros vejam e, se o quiserem, podem comentar, retribuir, sei lá!
Uma viagem pelo FB coloca perante
os nossos olhos uma variedade imensa de interesses, de atitudes e de intenções
que vão das mais nobres às mais mesquinhas e, até, às mal intencionadas. Mas
apenas a elas adere quem quiser, talvez por ser isso mesmo o que procura ou o
propósito que o motiva!
Tudo isto em consequência do que
ouvi ontem num programa de TV de cariz popularucho, onde uma “perita em não sei
o que” falou do FB como o lugar de traição onde muitas relações se desfazem, a
causa de males de amor, a fonte de ilusões onde muitos se perdem. É verdade,
todos sabemos que coisas dessas acontecem no FB, tal como acontecem na vida
real se, para tal, tiverem oportunidade porque, afinal, passa-se no FB aquilo
que se passa na vida, ainda que de modo mais rápido.
Não ponham no FB culpas que não
tem. Não o considerem a causa de tantos disparates que ali se dizem, da
tacanhez de muitos espíritos que pouco mais conseguem ver do que nada!
Façam uma ronda por páginas
supostamente desportivas e verão que não passam de receptáculos das raivas e
das frustrações de muitos milhares de pessoas que parecem não ter outras
preocupações na vida. Em páginas politiqueiras acontece o mesmo. Algumas nem
disfarçam a sua condição de caixas de ressonância de ideias pré-concebidas e
preconceituosas. Outras, ainda, promovem a “estupidez esclarecida” que,
infelizmente, muito rapidamente se propaga. Mas também tenho encontrado, a par
de muito simplismo, pensamentos profundos e preocupações sérias mas que,
infelizmente, não passam de uma minoria.
O FB faz tudo acontecer mais
depressa, com todos os inconvenientes que as pressas têm, mas não pode fazer
ali acontecer o que cada um de nós não queira que aconteça!
Como a net em geral, o FB pode
proporcionar oportunidades que de outro modo não aconteceriam, promover
sinergias que sem ela se não formariam, mas, tenho de reconhecer, rouba a
oportunidade de muitos encontros reais, mais ricos e mais frutuosos, como a
virtualidade nunca permitirá que sejam.
Desde o advento da TV que
procuramos ali alternativas para os amigos que antes encontrávamos nos cinemas
ou nas festas, o que a net ainda mais reforçou. As tertúlias reais reduziram-se
a quase nada, tal como as amizades virtuais vão substituindo as reais sem as
quais será difícil viver. Por isso, um dia as coisas se modificarão. De novo.
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