Pareceu-me que Passos Coelho fez
o discurso que se poderia esperar e não, como parece que tanta gente desejava,
o anúncio do que será o próximo Orçamento do Estado. Por isso, terá sido o “discurso
pobre” que o PS já disse que foi, ainda que tenha sido o discurso possível numa
“reentrada política” na qual todos esperam muito que nunca acontece.
Contudo, parece-me que três
mensagens são de reter do discurso que Passos Coelho fez. Uma delas é a
diferença que marcou entre o caminho que segue e o que nos conduziu ao ponto em
que nos encontramos, outra em que garante que Portugal sairá desta situação e,
finalmente, a de que tal acontecerá com a participação de todos.
Qualquer delas me parece
importante, ainda que todas elas possam dar azo a críticas fáceis dos que, sem
poderem dizer que as entendem, terão de as criticar e desmerecer porque é esse
o seu papel. Mesmo quando o façam com o cinismo próprio de quem faz o mal e a
caramunha!
O “tratamento” de tão grave doença
nunca seria fácil e, como o povo bem diz “quem se cura não se regala”.
É evidente que o rumo esbanjador do
país que o endividou tinha de ser invertido, o que o caminho que agora percorre
lhe permite, equilibrando as contas, ainda que de tal resulte um ajustamento do
nosso nível de vida à nossas reais possibilidades. Mas é a partir de uma base
sã que a recuperação deve ser feita.
Crer na recuperação do país é o
mínimo que se pode esperar de um primeiro-ministro que coloca a esperança na
capacidade dos portugueses para, todos juntos, a conseguirem.
Será o discurso moralista como os
críticos o classificam ou será, antes, o discurso de encorajamento do qual quem
tem de enfrentar grandes dificuldades sempre necessita?
Não tenho dúvidas quanto à
necessidade de o país passar a viver uma vida equilibrada, mas também quero ter
a esperança de podermos preparar o futuro numa base de rigor que nos possa
precaver de novos males e permitir tornar melhor o futuro.
Não terá sido o discurso que
disse o que a nossa ansiedade gostaria de saber, mas foi o discurso determinado
e prudente que as circunstâncias impunham que fosse.
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