Esta questão da RTP de que um
jornal de hoje diz ir ser concessionada a privados, é um caso típico de como se
fazem as notícias em Portugal e de como os partidos políticos reagem.
Ontem sabia-se o que um jornal ia
publicar hoje sobre a privatização da RTP. Antecipa-se uma entrevista ao
consultor do governo para as privatizações que admite ser a concessão do canal
1 e a extinção do canal 2, como diz a tal notícia, uma das hipóteses que se encontram em estudo. (aqui
talvez eu devesse dizer “que estão em cima da mesa” uma expressão entre
diversas de utilização corrente que revelam como é pobre o vocabulário político
português).
Fez notar o entrevistado que era
mesmo assim, uma entre outras hipóteses, e que lhe não competia tomar uma
decisão que apenas compete ao governo quando o estudo estiver concluído.
Desta entrevista não pude deduzir
mais do que aquela seria uma hipótese muito provável, mas sem a garantia de que
fosse a que vai ser escolhida. Nem sequer me dei conta de que o que nela foi
dito pelo entrevistado pudesse ser confundido com um anúncio do governo sobre o
que iria ser feito.
Podem as declarações do
entrevistado não terem sido ingénuas e pode, até, a notícia de hoje ser mais do
que mera especulação jornalística, mas especulativas e oportunistas são, em boa
verdade, as apreciações críticas dos comentaristas e das oposições cuja
conclusão foi rápida e definitiva: o governo havia confirmado que a RTP1 seria
concessionada e a RTP2 extinta.
Custa-me verificar que num país
com tanta coisa séria e importante para pensar e para fazer, se desperdice o
tempo, tanto tempo porque há dois dias que quase se não fala de outra coisa, do
modo como se desperdiça.
Então, sem especular e sem gastar
muito tempo, porque não hei-de eu dizer o que penso que o governo deveria fazer
com o canal ou canais da Estado que me parece importante que existam para
prestar um indispensável serviço público que, quanto a mim, não é o que têm
prestado?
Pois penso que deviam continuar
no Estado, com uma gestão que, como o primeiro-ministro deseja para o país,
deve cumprir uma “regra de ouro”: não ultrapassar o orçamento que for aprovado!
Claro que teriam de escolher um
bom gestor. E sério!
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