ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

CRÓNICA DE AGOSTO


(Texto publicado no número de Agosto do Notícias de Manteigas)

SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO
Agosto é um mês especial, de férias e, por isso, não vou massacrar os meus leitores com prosas extensas. Vou dividir o texto em pequenas partes, a primeira das quais para dizer que decidi não continuar a utilizar a chamada nova ortografia. Voltarei à que antes adoptava que já nem é a primeira que aprendi. Ainda me lembro de quando escrevia “quási”, “assucar” e outras palavras de um modo diferente do que agora escrevo mas, na altura, pouco me preocupou saber o motivo pelo qual as alterações eram feitas. Disseram-me que era assim e pronto. Mas não foi, por certo, o mesmo que agora se invoca.
Tenho sentido algum desconforto que se acentuou quando me aconteceu ter de escrever certas palavras que, na nova ortografia, me pareceram completamente descaracterizadas e fora das raízes que justificavam a velha escrita, pelo menos como mas ensinaram, assim como certas homografias me chocam mais do que uma simples mudança justificaria. Para além disso, a invocada unificação da língua portuguesa não é alcançada ou porque alguns países ainda não aprovaram o acordo ou, como no caso do Brasil, se mantêm diferenças flagrantes em casos dos quais não abdicaram. Não vejo, pois, uma suficientemente forte razão de ser para esta insistência em tentar manter supostamente igual o que, naturalmente, o tempo tende a tornar diferente!
Não quero, com esta atitude, marcar qualquer posição numa ciência na qual não tenho a menor autoridade. Mas não me parecem, de todo, razões científicas as que ditaram a mudança. Espero que me não levem a mal que não contrarie o que sinto, apenas porque um acordo pretende impor-mo.
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UMA MOÇÃO PARA REDIMENSIONAMENTO DO CONCELHO DE MANTEIGAS
Agradou-me o resultado da “moção” aprovada na Assembleia Municipal para o alargamento do território do nosso Concelho que, como os meus leitores bem sabem, considero amputado de áreas que a mais simples racionalidade, em termos de administração territorial, diz que deveriam estar nele integradas. O que penso neste aspecto, está escrito num texto que intitulei “Um Concelho com futuro ou um Trás-de-Serra ignorado?”.
Apesar de tudo, não esperava ver acolhida deste modo uma convicção que os meus conhecimentos do território e outros também me dizem estar certa. Apesar disso, não me surpreendem as reacções dos autarcas aos quais ela retira território, porque não costuma ser este um país onde as coisas se fazem pelas razões mais certas mas sim por conveniências dos que mais força tenham para as impor. Até mesmo quando o disparate é evidente.
E é evidente o disparate quando alguém diz que “o Presidente da Câmara de Manteigas anda a sonhar acordado”. Mas também não é raro que a política seja feita de arrogâncias tolas em vez de razões sustentadas ou de atitudes sensatas.
Da poética afirmação de que “o sonho comanda a vida” fiz muitas vezes o meu horizonte ou a estrela que me guiou em diversos trabalhos difíceis em que acabei por ser bem sucedido quando tantos já prenunciavam a minha derrota. Por isso sei quanto é preciso persistir no sonho para o tornar realidade.
Também o Concelho de Manteigas merece um sonho grande, o que o seu Presidente ou qualquer outro manteiguense de verdade possa sonhar, porque merece sobreviver, sobreviverá às dificuldades de um futuro difícil e conturbado que outros talvez não tenham tantas condições para superar.
A “moção” que vejo aprovada na AM é mais do que um sonho, é uma atitude de razão que, sem retirar vantagens seja a quem for, as trará para a nossa Terra e para as Freguesias que no nosso Concelho forem integradas, nas condições e pelas razões que a “moção” invoca. Além de outas…
Não pode ser preocupado com o bem-estar dos outros quem deste “sonho” escarneça, porque apenas por egoísmo contrariará o alcance das vantagens que comporta. E se um conselho me é permitido dar aos que não sonham e lutam pelos seus sonhos neste tempo de incertezas, é o de não adormecerem, porque podem ter pesadelos!
Estas missões para fazer as coisas certas levam o seu tempo, tempo demais quase sempre. É por isso que mais necessária se torna a perseverança que, tal como a esperança, jamais deve fenecer.
Iniciou a Câmara de Manteigas um caminho longo e duro que terá de mostrar ser capaz de percorrer no muito trabalho que terá de ser feito para que seja justificado, compreendido e aceite o objectivo a que conduz!
Força Manteigas!
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O DINHEIRO NÃO SE COME...
Por vezes consumimos tempo e palavras demais para dizer o que, afinal, pode ser dito em tão poucas como as de um cartaz da Organização Greenpeace onde se lê:
“Quando a última árvore for cortada,
Quando o último rio for poluído,
Quando o último peixe for pescado…
Vocês vão entender que o dinheiro não se come!”
Foi, afinal, esta mensagem que aqui me esforcei por fazer passar em diversas crónicas que escrevi ao longo de quatro anos, tantas e tão insistentes que corri o risco de me tornar bem chato. Mas vejo agora, com algum ainda que pequeno alívio que há economistas que se começam a aperceber das razões que levam alguns como eu a não acreditar no regresso ao passado pelo qual tantos ainda esperam. Começo a notar que há já economistas internacionais e portugueses vão ajustando a orientação do seu discurso e corrigindo as metas das suas previsões, se não pelas razões mais certas, pelo menos pelas que uma luta que já se tornou inglória acabou por lhes revelar.
Li hoje um texto publicado no jornal o Público, no qual o autor – Dani Rodrik, Professor da Universidade de Harvard - revela uma visão do futuro na qual introduz o conceito de “Nova Economia Mundial” que, como há anos venho aqui dizendo, terá de substituir o regabofe do passado do qual, há várias dezenas de anos, Alvin Tofler realçou a más consequências morais e sociais e o Clube de Roma demonstrou ser responsável pela situação de penúria a que, por imprevidência, acabamos por chegar.
Quando esta crónica vos chegar já não será fácil conseguir o jornal em que foi publicado o texto de Dani Rodrik mas poderão recuperá-lo na Internet, na minha página pessoal do facebook ou no meu blogue http://jornaldegaveta.blogspot.com onde o vou colocar.
Importante para mim, importante para todos nós é que se comece a compreender o que a “gula” e uma ambição desmedidas nos não têm permitido ver, antes que se acabe o pão que nos alimenta o corpo, se esgote a madeira que nos aquece, dá conforto e nos abriga ou se destrua completamente o Ambiente de que necessitamos para manter a vida que, tal como a de tantas outras espécies, também se nos pode acabar!
Rui de Carvalho
26 Julho 2012

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