(Texto publicado no número de Agosto do
Notícias de Manteigas)
SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO
SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO
Agosto é um mês especial, de férias e, por
isso, não vou massacrar os meus leitores com prosas extensas. Vou dividir o
texto em pequenas partes, a primeira das quais para dizer que decidi não
continuar a utilizar a chamada nova ortografia. Voltarei à que antes adoptava
que já nem é a primeira que aprendi. Ainda me lembro de quando escrevia “quási”,
“assucar” e outras palavras de um modo diferente do que agora escrevo mas, na
altura, pouco me preocupou saber o motivo pelo qual as alterações eram feitas. Disseram-me
que era assim e pronto. Mas não foi, por certo, o mesmo que agora se invoca.
Tenho sentido algum desconforto que se
acentuou quando me aconteceu ter de escrever certas palavras que, na nova
ortografia, me pareceram completamente descaracterizadas e fora das raízes que
justificavam a velha escrita, pelo menos como mas ensinaram, assim como certas
homografias me chocam mais do que uma simples mudança justificaria. Para além
disso, a invocada unificação da língua portuguesa não é alcançada ou porque
alguns países ainda não aprovaram o acordo ou, como no caso do Brasil, se
mantêm diferenças flagrantes em casos dos quais não abdicaram. Não vejo, pois,
uma suficientemente forte razão de ser para esta insistência em tentar manter supostamente
igual o que, naturalmente, o tempo tende a tornar diferente!
Não quero, com esta atitude, marcar
qualquer posição numa ciência na qual não tenho a menor autoridade. Mas não me
parecem, de todo, razões científicas as que ditaram a mudança. Espero que me não
levem a mal que não contrarie o que sinto, apenas porque um acordo pretende
impor-mo.
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UMA MOÇÃO PARA REDIMENSIONAMENTO DO CONCELHO DE MANTEIGAS
UMA MOÇÃO PARA REDIMENSIONAMENTO DO CONCELHO DE MANTEIGAS
Agradou-me o resultado da “moção” aprovada
na Assembleia Municipal para o alargamento do território do nosso Concelho que,
como os meus leitores bem sabem, considero amputado de áreas que a mais simples
racionalidade, em termos de administração territorial, diz que deveriam estar
nele integradas. O que penso neste aspecto, está escrito num texto que intitulei
“Um Concelho com futuro ou um Trás-de-Serra ignorado?”.
Apesar de tudo, não esperava ver acolhida deste
modo uma convicção que os meus conhecimentos do território e outros também me
dizem estar certa. Apesar disso, não me surpreendem as reacções dos autarcas
aos quais ela retira território, porque não costuma ser este um país onde as
coisas se fazem pelas razões mais certas mas sim por conveniências dos que mais
força tenham para as impor. Até mesmo quando o disparate é evidente.
E é evidente o disparate quando alguém diz
que “o Presidente da Câmara de Manteigas anda a sonhar acordado”. Mas também
não é raro que a política seja feita de arrogâncias tolas em vez de razões sustentadas
ou de atitudes sensatas.
Da poética afirmação de que “o sonho
comanda a vida” fiz muitas vezes o meu horizonte ou a estrela que me guiou em
diversos trabalhos difíceis em que acabei por ser bem sucedido quando tantos já
prenunciavam a minha derrota. Por isso sei quanto é preciso persistir no sonho
para o tornar realidade.
Também o Concelho de Manteigas merece um
sonho grande, o que o seu Presidente ou qualquer outro manteiguense de verdade
possa sonhar, porque merece sobreviver, sobreviverá às dificuldades de um
futuro difícil e conturbado que outros talvez não tenham tantas condições para
superar.
A “moção” que vejo aprovada na AM é mais do
que um sonho, é uma atitude de razão que, sem retirar vantagens seja a quem
for, as trará para a nossa Terra e para as Freguesias que no nosso Concelho
forem integradas, nas condições e pelas razões que a “moção” invoca. Além de
outas…
Não pode ser preocupado com o bem-estar dos
outros quem deste “sonho” escarneça, porque apenas por egoísmo contrariará o
alcance das vantagens que comporta. E se um conselho me é permitido dar aos que
não sonham e lutam pelos seus sonhos neste tempo de incertezas, é o de não
adormecerem, porque podem ter pesadelos!
Estas missões para fazer as coisas certas
levam o seu tempo, tempo demais quase sempre. É por isso que mais necessária se
torna a perseverança que, tal como a esperança, jamais deve fenecer.
Iniciou a Câmara de Manteigas um caminho
longo e duro que terá de mostrar ser capaz de percorrer no muito trabalho que
terá de ser feito para que seja justificado, compreendido e aceite o objectivo
a que conduz!
Força Manteigas!
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O DINHEIRO NÃO SE COME...
O DINHEIRO NÃO SE COME...
Por vezes consumimos tempo e palavras demais para dizer o que, afinal,
pode ser dito em tão poucas como as de um cartaz da Organização Greenpeace onde
se lê:
“Quando a última árvore for cortada,
Quando o último rio for poluído,
Quando o último peixe for pescado…
Vocês vão entender que o dinheiro não se come!”
Foi, afinal, esta mensagem que aqui me esforcei por fazer passar em
diversas crónicas que escrevi ao longo de quatro anos, tantas e tão insistentes
que corri o risco de me tornar bem chato. Mas vejo agora, com algum ainda que pequeno
alívio que há economistas que se começam a aperceber das razões que levam alguns
como eu a não acreditar no regresso ao passado pelo qual tantos ainda esperam.
Começo a notar que há já economistas internacionais e portugueses vão ajustando
a orientação do seu discurso e corrigindo as metas das suas previsões, se não
pelas razões mais certas, pelo menos pelas que uma luta que já se tornou
inglória acabou por lhes revelar.
Li hoje um texto publicado no jornal o Público, no qual o autor – Dani
Rodrik, Professor da Universidade de Harvard - revela uma visão do futuro na
qual introduz o conceito de “Nova Economia Mundial” que, como há anos venho
aqui dizendo, terá de substituir o regabofe do passado do qual, há várias
dezenas de anos, Alvin Tofler realçou a más consequências morais e sociais e o
Clube de Roma demonstrou ser responsável pela situação de penúria a que, por
imprevidência, acabamos por chegar.
Quando esta crónica vos chegar já não será fácil conseguir o jornal em
que foi publicado o texto de Dani Rodrik mas poderão recuperá-lo na Internet, na
minha página pessoal do facebook ou no meu blogue http://jornaldegaveta.blogspot.com
onde o vou colocar.
Importante para mim, importante para todos nós é que se comece a
compreender o que a “gula” e uma ambição desmedidas nos não têm permitido ver,
antes que se acabe o pão que nos alimenta o corpo, se esgote a madeira que nos
aquece, dá conforto e nos abriga ou se destrua completamente o Ambiente de que
necessitamos para manter a vida que, tal como a de tantas outras espécies,
também se nos pode acabar!
Rui de Carvalho
26 Julho 2012
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