Lembro-me bem de Chamberlain, aquele
primeiro-ministro inglês reconhecido na silhueta de um homem magro, vestimenta
escura e sempre de guarda chuva na mão, razão que levou a que, durante muito
tempo, este objecto com que tentamos proteger-nos da chuva fosse conhecido pelo
seu nome. Era então frequente, quando ameaçava chover, recomendar “não te
esqueças do chamberlain”.
Talvez fosse o homem mais bem intencionado do
mundo, acreditando, até à última hora, nos bons propósitos de Hitler e nas
garantias que lhe dava de não se propor fazer a guerra na Europa, mesmo quando
tudo já mostrava e deixava claro que a faria.
A sua preferência pelo diálogo com quem não
era capaz de o ter senão para mentir, deixou a Inglaterra desprevenida para os
ataques de que seria alvo, mesmo para a invasão que Hitler planeava e se
seguiria à ocupação dos Países Baixos, da Bélgica e da França.
Disto me lembro quando vejo as provocações de
Kim Jong un que só podem ter como objectivo criar um ambiente de guerra, no
qual espera ter a poderosa China do seu lado!
De facto, jamais me dei conta de a Diplomacia
resolver casos sérios, daqueles em que os propósitos estão definidos e as
partes alinhadas. Mas, enquanto dura, transmite aquela sensação agradável de paninhos quentes no rosto.
Por isso não acredito que o problema da
loucura de Kim Jong un se resolva com palavras, porque apenas atitudes duras e
determinadas podem evitar que outras mais duras ainda acabem por acontecer.
Trump promete uma retaliação como o mundo
nunca viu e, se acontecer, muito provavelmente jamais verá.
A Rússia mostra-se preocupada com a situação,
mas não define critérios para a resolver nem o partido que tomará.
A China, no mínimo faz de Chamberlain e
recomenda o diálogo para resolver a situação, mas não diz qual. Quem sabe se
não será Kim o desordeiro que lhe convém?
O Japão corre o risco de ser a primeira
vítima de um desmando do ditador norte-coreano e, perante o último desaforo
sofrido, promete não o deixar de dar resposta. Mas qual?
O presidente da Coreia do Sul privilegia,
também, a diplomacia, decerto para atrasar a chuva mortífera que, quanto mais
tarde melhor, lhe poderá cair em cima. De resto, que concessões se propõe fazer a quem o quer dominar?
De tudo o que vejo, nada me diz o que, afinal,
pretende o louco Kim para além de fazer inimigos externos que mantenham
sossegado um povo pobre e faminto que, tem todas as razões para o não suportar
mais.
A verdade é que o resto do mundo ainda não
teve a coragem de meter na ordem o menino travesso que a perturba. Prefere,
como Chamberlain, fazer a guerra com o guarda chuva!
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