Dificilmente podem subsistir dúvidas sobre as
alterações climáticas que são causa do aumento da temperatura média global na
Terra, provocadas pelo acréscimo da concentração, na atmosfera, de gases com efeito
de estufa resultantes da actividade económica industrial crescente desde há
mais de duzentos anos.
Tem-se verificado que uma das consequências
do aquecimento global é o aumento significativo da ocorrência de valores
extremos em fenómenos naturais tais como precipitações, dinâmica atmosférica e
temperatura.
Disso já nos apercebemos a partir dos
acontecimentos ao longo dos mais recentes anos passados, com notória alteração
das condições climatéricas, por comparação com as que, ao longo de muito tempo
eram habituais.
Em consequência, as probabilidades de
ocorrência de um fenómeno com determinadas características, avaliadas a partir da
análise de valores de intensidade e duração observados desde há mais de 100
anos, são agora diferentes das que uma razoável regularidade das condições
climatéricas ao longo de muito tempo permitiram determinar.
Tal significa, também, que certos critérios
de dimensionamento de estruturas, redes de esgoto pluvial, órgãos de segurança
de barragens em linhas de água, reservas para rega e abastecimento, terão de
ser revistos se quisermos manter os níveis de risco até agora estabelecidos
como aceitáveis.
As alterações climáticas terão consequências
diversas nos diversos ciclos de vida terrestre, o que provocará problemas
difíceis de superar, sobretudo na agricultura.
Os períodos de seca e de cheia serão cada vez
mais intensos e frequentes, como é o caso deste período de seca profunda que
vivemos e já teve consequências dramáticas nos incêndios florestais que,
segundo o relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza e das
Florestas (ICNF) divulgado esta semana, durante a primeira metade deste ano já
afectaram 128 mil hectares, cerca de seis vezes mais do que a média dos últimos
dez anos, do que resultaram perdas de vidas e de bens materiais também muito
superiores às que eram habituais.
É por tudo isto que me preocupa a falta de sensibilidade
dos políticos em relação a estes problemas que põem em causa a própria
Humanidade, sobretudo porque, por interesses egoístas, insistem no crescimento
económico que os provoca.
Como será o futuro eu não sei, mas que a
extinção da espécie humana pode ser ou, como já há cientistas que o afirmam,
será a consequência final dos erros em que insistimos.
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