Em crónica anterior, chamei a atenção para o
crescimento do PIB que, no último trimestre, se elevou a 2,8% e cuja causa,
disse então e conforme o Governo fez saber, foi o aumento do consumo interno,
já que as exportações até registaram um decréscimo.
Leio hoje, numa notícia de jornal que, desde
o começo deste ano, os portugueses já pediram, mais de três mil milhões de
euros em créditos ao consumo, sendo que quatro em cada dez euros se destinaram
ao financiamento de automóveis, o que corresponde a quase mil e trezentos
milhões de euros!
Estes números que pesam bastante na avaliação
do crescimento do PIB, não passam, portanto, de mero efeito do crescimento do consumo
em que quase metade foi de automóveis.
Não me parece que, deste modo, se possa falar
de uma economia saudável, com crescimento sustentado. Direi, até, que sendo o
acréscimo do consumo superior ao dos rendimentos médios, suportado por encargos
assumidos a prazo mais ou menos longo, dos quais um futuro incerto nem sequer
garante a satisfação, ele será mais um motivo de preocupação do que razão para
festejar quando, como tantas vezes já tenho dito, o reequilíbrio natural impõe
um decréscimo drástico do consumo, sobretudo o supérfluo.
Os tempos exigem cautelas a que a euforia do
Governo não convida, como seria razoável que fizesse, tendo em vista os sérios
problemas que enfrentamos em todo o mundo em consequência do excesso de
consumo.
Em vez disso, o apelo ao consumo foi a nota
dominante, pois só ele poderia dar a ilusão de uma economia crescente e estável.
Aliás, o automóvel sempre foi a melhor fonte
de receita do Estado, com duplicação de impostos na sua venda, com os impostos
que sobrecarregam excessivamente os custos dos combustíveis, os impostos arrecadados nos
custos de manutenção e, finalmente, os elevados valores de multas que são
aplicadas ao longo do ano.
Não sei a quanto equivalerá tudo isto, mas
não será pouca coisa nas receitas do Estado.
Será por isso que, em Portugal, os carros e os combustíveis são tão caros? Mas não é por isso que são menos comprados, substituídos e usados.
Será por isso que, em Portugal, os carros e os combustíveis são tão caros? Mas não é por isso que são menos comprados, substituídos e usados.
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