ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

NO CRESCIMENTO ECONÓMICO, O AUTOMÓVEL É REI



Em crónica anterior, chamei a atenção para o crescimento do PIB que, no último trimestre, se elevou a 2,8% e cuja causa, disse então e conforme o Governo fez saber, foi o aumento do consumo interno, já que as exportações até registaram um decréscimo.
Leio hoje, numa notícia de jornal que, desde o começo deste ano, os portugueses já pediram, mais de três mil milhões de euros em créditos ao consumo, sendo que quatro em cada dez euros se destinaram ao financiamento de automóveis, o que corresponde a quase mil e trezentos milhões de euros!
Estes números que pesam bastante na avaliação do crescimento do PIB, não passam, portanto, de mero efeito do crescimento do consumo em que quase metade foi de automóveis.
Não me parece que, deste modo, se possa falar de uma economia saudável, com crescimento sustentado. Direi, até, que sendo o acréscimo do consumo superior ao dos rendimentos médios, suportado por encargos assumidos a prazo mais ou menos longo, dos quais um futuro incerto nem sequer garante a satisfação, ele será mais um motivo de preocupação do que razão para festejar quando, como tantas vezes já tenho dito, o reequilíbrio natural impõe um decréscimo drástico do consumo, sobretudo o supérfluo.
Os tempos exigem cautelas a que a euforia do Governo não convida, como seria razoável que fizesse, tendo em vista os sérios problemas que enfrentamos em todo o mundo em consequência do excesso de consumo.
Em vez disso, o apelo ao consumo foi a nota dominante, pois só ele poderia dar a ilusão de uma economia crescente e estável.
Aliás, o automóvel sempre foi a melhor fonte de receita do Estado, com duplicação de impostos na sua venda, com os impostos que sobrecarregam excessivamente os custos dos combustíveis, os impostos arrecadados nos custos de manutenção e, finalmente, os elevados valores de multas que são aplicadas ao longo do ano.
Não sei a quanto equivalerá tudo isto, mas não será pouca coisa nas receitas do Estado.
Será por isso que, em Portugal, os carros e os combustíveis são tão caros? Mas não é por isso que são menos comprados, substituídos e usados.

 

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