ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 13 de agosto de 2017

O CENTRO DO PAÍS A FERRO E FOGO E O GOVERNO EM CAMPANHA PARA AS AUTÁRQUICAS!



Os incêndios por esse país fora, tantos e tão intensos que parecem querer varrer o centro de Portugal do mapa, são, sem a menor dúvida, o castigo da incúria dos governantes que, para além de não terem tempo disponível para pensar nestas tragédias que, ano a ano, se vão tornando maiores, também não se dispõem a escutar os que, por lhes doer na pele, apresentam proposta que evitem ou minimizem os estragos que representam, para além de enormes prejuízos materiais, perdas ou severos danos em vidas humanas.
Não há memória de uma época de incêndios como a que está a acontecer e talvez vá, apenas, a meio.
Não me dou conta de, tal como das demais vezes, esteja a ser feito mais do que procurar reduzir os prejuízos que os incêndios possam causar e depois, atabalhoadamente, fingir que se ajuda os que tudo perderam.
Fala-se muito e pouco se faz com vista ao futuro.
E quando me lembro que numa conferência que fiz, há cerca de quarenta anos, no Instituto Sá Carneiro, me referi ao ordenamento do território como indispensável ao desenvolvimento do país, fico bem triste porque, tanto tempo depois, não vejo que se tenham alterado significativamente, para melhor, as causas dessa minha antiga afirmação.
Pelo contrário e sem que se atenda às características naturais do nosso país, adoptamos cegamente as políticas da Europa que nos deixaram sem as pescas tradicionais, sem muitas culturas e modos de aproveitar as terras que agora estão, na sua maioria, ao abandono, tudo isto porque não pensamos no que temos e, simplesmente, ou aceitamos o que outros nos impõem ou copiamos o que outros fazem sem, sequer, o adaptar.
É uma atitude de preguiça que, no limite, vai fazer desaparecer a nacionalidade, já que pouco do que existe em Portugal é português!
Pouco mais seremos do que os funcionários das empresas que os estrangeiros têm no país.
Há um ano atrás, o grande incêndio de Arouca e S. Pedro do Sul foi como um sino que tocou a rebate, foi a chamada de atenção final que o Governo não escutou, como não quis saber das propostas que lhe apresentaram as autarquias mais afectadas por incêndios.
A tragédia levou o Governo a perguntar às Câmaras que condições tinham para prevenir e combater incêndios!
Muitas câmaras responderam, apontando a falta de meios financeiros e humanos, assim como a falta de cadastro das terras e a impossibilidade de agir em terrenos privados.
Solicitaram mais responsabilidades nas políticas de prevenção e de florestação e, naturalmente, a disponibilização dos meios financeiros que permitissem cumpri-las.
Que seguimento teve tudo isto? Creio que foi o de sempre, quando as desgraças de uns são a oportunidade de negócio de outros.
É extraordinária a capacidade que os oportunistas têm de, de qualquer coisa, fazer negócio, seja o da madeira ardida, o dos meios aéreos o do SIRESP e sei lá mais o que, negócios que uma adequada política florestal prejudicaria.
E, como sempre, o Governo é coarctado pelo poder das forças sinistras que vivem das desgraças dos outros!
Naturalmente, as coisas pioraram um ano depois, com este ano horribilis que estamos a viver.
E que vai fazer o Governo agora, para além das visitas de cortesia que alguns dos seus membros fazem aos locais afectados que talvez não sirvam para mais do que para tentar minorar os efeitos que tanta incúria possa ter nas eleições autárquicas que se aproximam?

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