As alterações climáticas que mudanças
sensíveis no clima tornam já inquestionáveis e deixam sem sentido as
declarações de Trump de serem um embuste da China para prejudicar a economia
americana, terão, como uma das suas inevitáveis consequências, o ajustamento de
certas regras construtivas às novas circunstâncias, nomeadamente pela maior
frequência com que ocorrem fenómenos climáticos extremos.
Secas profundas e cheias intensas serão cada
vez mais sentidas, pondo em causa os critérios de dimensionamento até agora
adoptados.
As redes de esgotos pluviais de que aqui já
falei, o encanamento de linhas de água naturais frequentes em zonas urbanas, os
vãos das pontes, os órgãos de segurança das barragens e outras infraestruturas
hidráulicas tornar-se-ão cada vez mais insuficientes, assim como os ventos que,
por mais fortes se fazerem sentir, obrigarão a reforçar certas estruturas. Isto,
falando apenas de algumas das consequências mecânicas das novas condições
climáticas porque outras, de outras naturezas não menos graves, se farão sentir
também, como acontecerá, por certo, na agricultura. Estas quando se fizerem
sentir serão da maior gravidade e poderão por eu causa a alimentação da
população mundial.
Baseado na sua convicção idiota, Trump, o
homem do espírito da tábua rasa por excelência, resolveu anular mais uma regra
definida por Obama, precisamente a de tornar as construções mais resistentes
aos efeitos previsíveis das alterações climáticas, para que assim sofressem
menos danos e protegessem melhor as pessoas.
Mas, no entendimento que tem de devolver a América à sua grandeza e para que os seus licenciamentos fossem
mais rápidos e sua construção mais barata, Trump acabou com ela!
Espirito de “pato bravo” demonstrado em
dezenas de atitudes sem qualquer sentido a que a “América” já deveria ter posto
cobro!
Obviamente, a medida de Trump deixou felizes
as gentes da construção que, agora, terão mais trabalho a refazer o que os
tufões vão rapidamente destruindo, como está já acontecendo em consequência dos furacões que assolam o Texas!
A contestação a Trump cresce e ele responde
que a comunicação Social e os “organismos conservadores” estão contra ele.
Mas agora repara (se é que Trump consegue
reparar em alguma coisa) que o tempo também não está do seu lado e vai, decerto, culpar o S. Pedro.
Parece-me que o “embuste da China” vai sair
muito caro a Trump. E, infelizmente, a todos nós também.
Quando será que os americanos reagem, não
apenas com as estatísticas de (im)popularidade para as quais o Trump nem olha, mas
com acções que acabem com o ridículo em que a administração americana se
tornou?
Quanto à influência agricultura, por ora
referirei apenas o que Aureliano Malheiro, do Centro de Investigação e de
Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas da Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro (CITAB/UTAD), resumiu sobre o impacto das alterações climáticas na
agricultura, numa entrevista:
“A
agricultura portuguesa não deixará de ressentir-se com as alterações climáticas
(não confundir com o conceito de variabilidade climática), dado que os modelos
climáticos projetam, para o presente século, um aumento da temperatura do ar,
uma diminuição da precipitação (com consequente redução da humidade do solo) e
um aumento do número e gravidade das secas e ondas de calor. Saliente-se que as
plantas são extremamente sensíveis às condições ambientais, em particular à
temperatura. Estas mudanças ao nível climático são suscetíveis de terem
efeitos expressivos sobre o crescimento e desenvolvimento das plantas e, por
consequência, na produtividade e qualidade do produto (fruto, vinho, etc.). De
facto, eventos climáticos extremos (por exemplo, granizo, saraiva, tromba de
água) podem causar importantes perdas na produção e na qualidade, enquanto
mudanças climáticas podem, por exemplo, antecipar o ciclo fenológico e, por
consequência, a colheita, promover o aparecimento de novas e/ou intensificar as
atuais pragas/doenças ou aumentar a variabilidade interanual da produtividade e
qualidade”.
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