ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 14 de março de 2016

ADEUS NICOLAU




Acabei de ouvir, na radio do meu carro e como notícia de última hora, a morte de Nicolau Breyner.
Fiquei especialmente triste por se tratar de um actor que muito apreciava pelo seu variado e especial talento.
E veio-me à memória o modo como o vi pela primeira vez.
Foi na visita da Raínha Isabel II de Inglaterra a Lisboa, em 1957.
As ruas assinaladas para o percurso real através de Lisboa estavam apinhadas e dificilmente alguém mais atrasado arranjaria, em qualquer passeio, um lugar a partir do qual se pudesse ver a Magestade.
Foi, então, que me dei conta de um grupo de rapazes uns anitos mais novos do que eu, entre os quais um se distinguia pela sua exuberância.
Na tentativa de nos chegarmos à frente para poder ver qualquer coisa, o moço desapareceu e voltou, pouco depois, gritando para os outros: “afinal não passa aqui, passa ali na outra rua…” e começou a correr para lá, no que foi imitado por muita gente.
Ficaram livres muitos lugares, de um dos quais me aproveitei, pois a cara gozona do rapaz não me enganou!
Rapidamente ele apareceu também e, na primeira fila, vimos passar a Rainha.
Num livro que escreveu, li que “mais vale viver alegre do que triste” (estou a citar de memória) e creio que foi o princípio que adoptou na vida que viveu e na qual, mesmo quando nos queria fazer rir, na sua faceta de actor cómico, jamais me dei conta de recorrer às piadas rascas que são agora a moda em certos “cantinhos” da televisão, onde “merda” é a piada mínima para fazer rir!
Por isso, talvez já não fosse este o seu tempo.
Nesta vida declarou-se crente numa outra vida que, para além desta, viveríamos. Que Deus o tenha consigo.

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