Escrevi, há já alguns anos, no jornal da
minha terra com o qual colaborava regularmente, uma crónica em que questionava
a razão de ser da Direita e da Esquerda em função da realidade que hoje se vive.
E pelas razões que, então, apontei, a conclusão mais óbvia era a de que já não faziam sentido, porque
a realidade actual nos obriga, cada vez mais, a olhar os problemas como globais
de uma Humanidade em perigo de se destruir a si própria e, por isso, com cada
vez menor margem para errar nas decisões que tome quanto ao seu futuro.
Não seria possível prolongar por todo o
sempre esta tão louvada alternância política que nada mais faz do que desfazer
o que outros fizeram para fazer de novo porque os caminhos que propõem são diferentes,
tal como o são, também, os benefícios pessoais, de grupo ou de classe pretendidos,
sendo essa a verdadeira guerra travada nas campanhas que fazem.
Os anos passaram, as dificuldades cresceram,
as crises sucederam-se apesar dos artifícios com que os políticos as combatem
sem conseguirem, de todo, eliminar. E vão, continuadamente, falando numa “retoma”
que, por breves instantes, apenas parece acontecer.
Os factos provam-no à evidência e haverão de prova-lo
ainda mais na medida em que a “pilhagem” dos recursos da Terra vai dificultando
a sua renovação, porque a Terra não é um depósito sem fim, mas um meio em que
os recursos necessários à vida se renovam por ciclos naturais que não há como
alterar sem causar condições que tornam difícil ou impossível viver.
Mas os políticos recusam esta realidade para
a qual a Ciência continuadamente chama a atenção, porque tal seria a morte
desta política de interesses divididos que jamais fizeram do bem das sociedades e da Humanidade em geral o
seu objectivo, a sua preocupação.
Eu terei de concluir que o Homem é pequeno
demais para entender o seu destino que cada vez mais parece ser a sua própria
destruição por um dos tantos meios que, para tal, ao longo do tempo preparou.
Não sei se acabaremos desfeitos pelos milhões
de armas destruidoras que construímos, se intoxicados pela poluição que causámos
ou envenenados pelo que comemos, mas o risco, seja qual for o modo, fica, a
cada dia, maior.
A euforia de outros tempos em que o que mais
contava era o nível de vida e, por isso, a miséria de que parecia livrar-nos
valia bem a poluição cada vez maior que causava e as disputas que fomentava,
transformou-se em louvores a coisas menores como o tão martelado “défice”,
a artificial baixa do desemprego, o enganador aumento do poder de compra e
outras coisas que exigirão uma imaginação cada vez maior para que continue a
haver quem acredite nelas como solução para os problemas que mantêm a crise e
a vão tornando maior. Mesmo que, às vezes, até nem pareça.
E, num constante puxa daqui e dali, a Direita
e a Esquerda lá vão rasgando a manta que está quase em pedaços.
Os eleitores começam a dar-se conta de que
não será esta disputa que nos livrará do destino que nos espera e vão fazendo
desparecer uma e outra que dão lugar a outras que não sei bem o que são.
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