ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 1 de maio de 2017

A MUDANÇA



Os resultados das eleições mais recentes, por esse mundo fora, têm tido um significado diferente do habitual.
Noto um evidente desapego pelas ideias do costume que apenas pode ter como significado um claro desejo de mudança. Direi, mesmo, a consciência clara de uma urgente necessidade de mudar.
A política está num ponto evidente de viragem que o desencanto gerou e vai continuar a gerar neste mundo onde se vai tornando mais difícil viver.
Mas este desejo forte pode conduzir-nos por maus caminhos porque não resulta da resposta clara que deveríamos procurar para perguntas fundamentais: 
O que fazemos aqui, qual é o nosso destino? 
Como deveremos proceder para vivermos tranquilos neste mundo? 
Que vida podemos ter neste mundo em que vivemos?
Sem isso, crescerá o desejo de mudança mas a procura seguirá, ao acaso, por direcções que podem ser perigosas demais.
A História acabará por contar a história desta mudança que não pára e nem sabe para onde vai, se ainda houver História que a possa, um dia, contar.
Por isso eu não faço aqui qualquer cronologia de factos ao longo da qual nos fomos apercebendo da mudança indispensável, porém sem reparar que era este o momento de mudar completamente e sem quaisquer dúvidas.
Não vejo que possamos continuar a viver como vivemos, que possamos continuar a ser os predadores violentos e inconscientes da Vida e do Ambiente que nos cercam, continuando a cometer o erro de pensar que nos pertencem e que deles podemos dispor como melhor nos aprouver, em vez de tomarmos consciência de que somos parte deste todo cujo equilíbrio vamos destruindo, destruindo-nos também.
O mundo está em polvorosa, prestes a cometer erros profundos, quando a abundância que, tudo o fazia crer, seria o resultado da dourada era industrial que começámos há já mais de duzentos anos, aquela que nos faria felizes porque todos poderíamos satisfazer todas as nossas necessidades, não aconteceu nem acontecerá porque já pouco resta dos recursos que pilhámos, dos bons hábitos que perdemos, da inteligência que nos fazia diferentes e do amor que, como seres da mesma espécie, nos unia!
Não vejo o Homem a aceitar a mudança que as circunstâncias, mais do que óbvias lhe impõem para se salvar. Antes o vejo lutar pela continuidade do erro que, tudo indica, o irá perder.
Todos sabemos que a mudança nos faz medo, mas o meu maior medo é que, afinal, nada mude!

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