Não fico surpreendido quando alguém diz que
há muitos anos não vê a Eurovisão, um festival que se tornou patético, cheio de
lás-lá-lás, de gritos, barulhos estranhos, de fumos e de muita cor.
Mas as canções, porque de canções o festival
era suposto ser, passaram a rarear e muito poucas ultrapassaram a barreira de
poucas semanas na lembrança das pessoas.
Lembro-me de algumas canções italianas, como
a “não tenho idade para amar-te”, da “pupet on a string”, dos Abba e pouco mais
retenho na memória, para além de algumas outras por serem portuguesas mas que
nunca ganharam. Parecia que a boa música portuguesa, que sempre a houve, se
envergonhava de estar ali!
As excepções foram, pois, poucas, mas algumas
até muito boas!
Por mim devo dizer que, sempre que Portugal
participava ou, pelo menos, conseguia chegar à parte final, eu espreitava, mas
talvez um pouco envergonhado com a figura que fazíamos.
Uma ou outra participação não nos
envergonhou, mas qualidade a sério, raramente a apresentámos.
Fiquei surpreendido quando, já com os
concorrentes na Ucrânia, onde o festival deste ano se realizou, reparei no
concorrente e na canção portuguesa que, mesmo sem ser um prodígio de canção, eu
considero muito boa.
E passei a ouvir dizer que poderia ganhar,
lembrando-me da “desfolhada” da Simone que foi bem melhor do que a maioria das
demais, mas não tão boa que merecesse ganhar como então se reclamou aqui na sua
chegada a Santa Apolónia, onde teve de cantar para algumas centenas de fãs.
Apesar da diferença que, desta vez, Portugal
fez, tanto como canção como na forma de a apresentar, penso que o festival da Eurovisão
é e continuará a ser o mesmo, uma parada de excessos estridentes e luminosos e
cada vez mais cantado em inglês, onde, uma vez por outra, aparece algo que vale
a pena como esta canção “amar pelos dois” que não teve o meu voto porque não
podia dar-lho.
Sobressaiu de tal modo que há quem diga que
poderá mudar o estilo do festival. Mas eu não acredito!
Mesmo assim, parabéns Salvador.
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