ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 30 de maio de 2017

UMA ESTRANHA CIMEIRA IBÉRICA



Na Península Ibérica, Portugal é, obviamente, uma região de jusante, como o são as regiões à beira mar.
Mas porque para aqui correm os três mais importantes rios ibéricos, podemos dizer que somos a “região mãIs a jusante”. Por isso é importante para nós o que se passa a montante porque o meio hídrico, do qual os rios são autênticas artérias que irrigam os campos, alimentam camadas freáticas, carreiam produtos de erosão, mas também, trazem consigo a poluição que lhes causam a montante.
Outro aspecto importante é a utilização das próprias águas, o modo como a gestão seja feita, para que os benefícios sejam criteriosamente repartidos ou os problemas que causam convenientemente prevenidos, o que, naturalmente, terá de ser profundamente analisado e avaliado de um modo constante, no que Portugal, pode dizer-se, nunca foi parte interessada muito diligente.
E parece não continuar a sê-lo.
Numa Cimeira Ibérica para tratar de assuntos naturalmente importantes para Portugal e Espanha, mais uma vez e sem razões que publicamente se conheçam, um aspecto importantíssimo de gestão do meio hídrico está ausente, a questão da Central de Almarás.
Como qualquer infraestrutura, uma central nuclear tem o seu tempo de vida útil, aquele durante o qual, quer do ponto de vista económico quer do ponto de vista da segurança, a sua exploração se justifica.
É o caso da Central de Almaraz que, na hora de fechar portas, é acrescida de um aterro de resíduos radioactivos, o que significa a intenção do prolongamento da sua vida útil por muito mais tempo.
Não passou de um ligeiro esboço o desagrado que Portugal mostrou por tal medida e nem a União Europeia poderia deixar de atender aos direitos de segurança que Portugal tem para invocar. Contudo, tudo passou ao de leve.
Os acidentes em centrais nucleares não são tão pouco frequentes assim e as suas consequências podem ser verdadeiros desastres para extensas áreas e para milhares ou milhões de vidas.
Não vale a pena dizer muito mais do que um acidente em Almaraz poderá afectar cerca de um terço de Portugal de um modo directo e, indirectamente, muito mais do que isso, dependendo das dimensões do acidente.
Fizémos um escarcéu dos demónios com a queda da ponte de Entre-os-Rios que arrastou para a morte umas dezenas de cidadãos.
Nunca cheguei a saber porque, ou cheguei, até um ministro se demitiu!
A ponte era velha e as probabilidades de um acidente eram, por isso, maiores.
É o mesmo com Almaraz que, apesar disso e da celeuma que já levantou, não tem importância bastante para estar na agenda de uma Cimeira Ibérica!
Negociatas europeias…

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