Na Península Ibérica, Portugal é, obviamente,
uma região de jusante, como o são as regiões à beira mar.
Mas porque para aqui correm os três mais
importantes rios ibéricos, podemos dizer que somos a “região mãIs a jusante”.
Por isso é importante para nós o que se passa a montante porque o meio hídrico,
do qual os rios são autênticas artérias que irrigam os campos, alimentam
camadas freáticas, carreiam produtos de erosão, mas também, trazem consigo a poluição
que lhes causam a montante.
Outro aspecto importante é a utilização das
próprias águas, o modo como a gestão seja feita, para que os benefícios sejam
criteriosamente repartidos ou os problemas que causam convenientemente
prevenidos, o que, naturalmente, terá de ser profundamente analisado e avaliado
de um modo constante, no que Portugal, pode dizer-se, nunca foi parte
interessada muito diligente.
E parece não continuar a sê-lo.
Numa Cimeira Ibérica para tratar de assuntos
naturalmente importantes para Portugal e Espanha, mais uma vez e sem razões que
publicamente se conheçam, um aspecto importantíssimo de gestão do meio hídrico
está ausente, a questão da Central de Almarás.
Como qualquer infraestrutura, uma central
nuclear tem o seu tempo de vida útil, aquele durante o qual, quer do ponto de
vista económico quer do ponto de vista da segurança,
a sua exploração se justifica.
É o caso da Central de Almaraz que, na hora
de fechar portas, é acrescida de um aterro de resíduos radioactivos, o que
significa a intenção do prolongamento da sua vida útil por muito mais tempo.
Não passou de um ligeiro esboço o desagrado
que Portugal mostrou por tal medida e nem a União Europeia poderia deixar de
atender aos direitos de segurança que Portugal tem para invocar. Contudo, tudo passou ao de leve.
Os acidentes em centrais nucleares não são
tão pouco frequentes assim e as suas consequências podem ser verdadeiros
desastres para extensas áreas e para milhares ou milhões de vidas.
Não vale a pena dizer muito mais do que um
acidente em Almaraz poderá afectar cerca de um terço de Portugal de um modo
directo e, indirectamente, muito mais do que isso, dependendo das dimensões do
acidente.
Fizémos um escarcéu dos demónios com a queda
da ponte de Entre-os-Rios que arrastou para a morte umas dezenas de cidadãos.
Nunca cheguei a saber porque, ou cheguei, até
um ministro se demitiu!
A ponte era velha e as probabilidades de um acidente
eram, por isso, maiores.
É o mesmo com Almaraz que, apesar disso e da
celeuma que já levantou, não tem importância bastante para estar na agenda de
uma Cimeira Ibérica!
Negociatas europeias…
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