É natural que, sendo a França a segunda maior
economia do nosso Continente e a quinta economia do mundo, o seu presidente
possua um poder relevante no conjunto dos países que constituem esta Europa
quase esfrangalhada, dele se esperando iniciativas, atitude e tomadas de
posição que possam evitar o descalabro que quase todos tememos.
Tem, por isso, poder para agitar a pasmaceira
europeia, se for esse o seu decidido propósito.
É natural que a escolha que os franceses fizeram,
depois dos problemas por que tiveram e têm ainda, tenha algum significado para
além da simples entrega de poder a um ou a outro.
Emmanuel Macron, o sem partido, foi quem os
franceses escolheram, foi quem congregou a maior parte dos eleitores numa França
dividida em pedaços, a maioria dos quais conseguiu juntar sem necessidade de
formar uma geringonça cujo futuro tem o prazo marcado pelas divergências
insanáveis que contém, exactamente como a que mantém Costa no poder que, sem
ideologia semelhante sequer e suportado por uma maioria instável e, nem sequer,
europeísta, não perdeu tempo a manifestar-se satisfeito pela vitória de alguém
que pretende estabilizar e dinamizar a Europa que, no seu dizer, precisa de ser
refundada!
Mas não creio que, para isso, seja de
manifestações de opinião que a Europa precisa, mas de Estadistas com ideologia
de Europa, uma que ainda não existe e, se alguma vez existir, terá de ser bem
diferente do somatório das ideologias parciais que, ao fim de mais de 40 anos,
não conseguiram aproximar-se, sequer compatibilizar-se porque todas as
divergências que, ao longo da História, fizeram Europa um ninho de vespas,
continuam vivas.
Da Europa que nasceu de um ideal, restam as
instituições amorfas que ditam e controlam regras que nem sempre fazem cumprir
e tomam decisões avulsas conforme aquele em relação ao qual são tomadas,
mantém-se a diferença entre os “civilizados” e os “bárbaros”, que bem podem
fazer-nos regressar à idade das trevas.
É disso a mais recente prova, aquele dizer do
director do Eurogrupo que apelida os do sul como amantes dos prazeres da vida
que, sem a menor dúvida, o cinzento do norte não consente! Verdades que se
escapam de cabeças idiotas.
A dita “União Europeia” não passa de ser um
grupo de oportunistas que Bruxelas bem conhece, onde os mais fortes se
alimentam dos mais fracos. Ou ainda existem dúvidas de que as rivalidades de
outrora se mantêm e a solidariedade que dizem existir não passa de um pagamento
barato pelos roubos violentos que nos fazem?
Sempre haverá “migueis de vasconcelos” que,
em benefício próprio, se prestam a tosquiar as ovelhinhas, dando, de mão
beijada, a lã aos seus mentores.
Será Macron capaz de fazer o que Hollande
prometeu e não cumpriu?
Conseguirá Macrom meter Merkel e outros nos
eixos, desta vez sem qualquer ilusória linha Marginot que de nada serviu?
Isto talvez seja eu à espera de um messias
que tarda a chegar ou jamais chegará…
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