ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 26 de maio de 2017

O DENOMINADOR COMUM



(fotografia tirada no Sul do Sudão e que ganhou um Prémio Pulitzer - o corvo espera a morte da criança para dela se alimentar)

No já longo tempo que por aqui ando e das muitas mudanças a que, por isso, assisti, é inevitável encontrar um denominador comum a todas elas o qual é, nem mais nem menos, o tipo de vida que decidimos viver.
Naturalmente, porque é ele que dita as nossas atitudes que jamais vi serem e cada vez vejo que são menos, aquelas que a Humanidade deveria ter no mundo finito, pobre e pouco estável que temos para viver.
Talvez por isso me lembro daquele sábio ditado que diz que “casa onde não há pão” todos ralham mas ninguém tem razão”.
Pode parecer despropositado invocar tal dito quando o crescimento económico, o consumo crescente é a realidade que os políticos constantemente perseguem e procuram tornar evidente em estatísticas que resultam de ensaios em amostras cada vez menores e, por isso, menos significativas da realidade, além de muito distorcidas também.
Quando estudei, “cálculos de probabilidades” não ia além disso mesmo, de probabilidades que resultavam do tratamento das estatísticas disponíveis e que nada mais são do que registos de valores que depois se tratam consoante a resposta que se deseja. Por sua vez, as estatísticas não passam de valores casuísticos que, supostamente, têm as características da realidade global da qual foram colhidas.
Como sempre ensinei aos meus alunos, NÃO SE DEVE CONFUNDIR A REALIDADE COM O QUE SE FAZ COM ELA! E hoje fazem-se coisas bem diferentes de outros tempos.
Qualquer conjunto de dados é uma estatística e um punhado de qualquer coisa é tomada por uma amostra representativa do todo a que pertence, mas onde há coisas tão diferentes daquelas que a amostra contém.
Vêm depois as relações que se estabelecem e, finalmente, a interpretação que se lhes dá.
Porque a realidade do mundo não é aquela que nós, por aqui, conhecemos , não é, portanto, do que apenas por aí se passe que se devem colher as estatísticas com as quais se pretenda uma visão alargada do futuro que o que se passa por todo o mundo influenciará. Então, que sentido fará falar dos sucessos da Europa ou da América do Norte se esquecermos realidades como tantas que há em África, na América latina ou no Sudoeste asiático?
É mais de metade do mundo que não entra nas nossas contas, que não incluímos nas nossas “amostras”, mais de metade do mundo que espoliamos do que lhes pertence e cujos bens exaurimos até que não sobeje nada.
Depois, qual será o nosso futuro? Em que estatísticas nos basearemos?
Que acontecerá a Wall Street quando da pilhagem que o Homem faz dos recursos naturais nada mais haja que o sustente e, por isso, implodirá e, com ele, toda esta forma de viver que, de tão preocupada com o crescimento, se esquece, cada vez mais, do “desenvolvimento” que nos faria viver melhor.
Há um mundo inteiro para desenvolver, em vez de um mundo inteiro para pilhar até à exaustão da própria vida.
Mas não parece ser esse o entendimento que se tem da realidade que cada vez mais se aproxima de ser a de lutar pelo que, cada vez menos, da pilhagem vai ficando! 
Esta será a casa que não tem pão!



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