(fotografia tirada no Sul do Sudão e que ganhou um Prémio Pulitzer - o corvo espera a morte da criança para dela se alimentar)
No já longo tempo que por aqui ando e das
muitas mudanças a que, por isso, assisti, é inevitável encontrar um denominador
comum a todas elas o qual é, nem mais nem menos, o tipo de vida que decidimos
viver.
Naturalmente, porque é ele que dita as nossas
atitudes que jamais vi serem e cada vez vejo que são menos, aquelas que a
Humanidade deveria ter no mundo finito, pobre e pouco estável que temos para
viver.
Talvez por isso me lembro daquele sábio
ditado que diz que “casa onde não há pão” todos ralham mas ninguém tem razão”.
Pode parecer despropositado invocar tal dito quando
o crescimento económico, o consumo crescente é a realidade que os políticos
constantemente perseguem e procuram tornar evidente em estatísticas que resultam
de ensaios em amostras cada vez menores e, por isso, menos significativas da
realidade, além de muito distorcidas também.
Quando estudei, “cálculos de probabilidades”
não ia além disso mesmo, de probabilidades que resultavam do tratamento das
estatísticas disponíveis e que nada mais são do que registos de valores que
depois se tratam consoante a resposta que se deseja. Por sua vez, as
estatísticas não passam de valores casuísticos que, supostamente, têm as
características da realidade global da qual foram colhidas.
Como sempre ensinei aos meus alunos, NÃO SE
DEVE CONFUNDIR A REALIDADE COM O QUE SE FAZ COM ELA! E hoje fazem-se coisas bem
diferentes de outros tempos.
Qualquer conjunto de dados é uma estatística
e um punhado de qualquer coisa é tomada por uma amostra representativa do todo
a que pertence, mas onde há coisas tão diferentes daquelas que a amostra contém.
Vêm depois as relações que se estabelecem e,
finalmente, a interpretação que se lhes dá.
Porque a realidade do mundo não é aquela que nós,
por aqui, conhecemos , não é, portanto, do que apenas por aí se passe que se devem
colher as estatísticas com as quais se pretenda uma visão alargada do futuro
que o que se passa por todo o mundo influenciará. Então, que sentido fará falar
dos sucessos da Europa ou da América do Norte se esquecermos realidades como
tantas que há em África, na América latina ou no Sudoeste asiático?
É mais de metade do mundo que não entra nas
nossas contas, que não incluímos nas nossas “amostras”, mais de metade do mundo
que espoliamos do que lhes pertence e cujos bens exaurimos até que não sobeje
nada.
Depois, qual será o nosso futuro? Em que
estatísticas nos basearemos?
Que acontecerá a Wall Street quando da
pilhagem que o Homem faz dos recursos naturais nada mais haja que o sustente e,
por isso, implodirá e, com ele, toda esta forma de viver que, de tão preocupada
com o crescimento, se esquece, cada vez mais, do “desenvolvimento” que nos
faria viver melhor.
Há um mundo inteiro para desenvolver, em vez
de um mundo inteiro para pilhar até à exaustão da própria vida.
Mas não parece ser esse o entendimento que se
tem da realidade que cada vez mais se aproxima de ser a de lutar pelo que, cada
vez menos, da pilhagem vai ficando!
Esta será a casa que não tem pão!
Esta será a casa que não tem pão!
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