ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 23 de outubro de 2011

AS PARCERIAS PÚBLICO PRIVADAS SÃO UM MAL EM SI? NÃO!

Ontem, no FB, reproduzi un gráfico publicado no Correio da Manhã mas oriundo do Ministério das Finanças, acrescentado um texto que dizia: “As Parcerias Público Privadas que Guterres iniciou mas de que Sócrates usou e abusou, vão gerar um buraco de 15 mil milhões de euros que iremos pagar até 2051, tornando mais difícil uma recuperação que já não é fácil. Será assim que os "socratistas" pretendem reabilitar a imagem do seu deus?”
Curioso foi ter havido que logo “corrigisse” que a primeira PPP fora feita por Cavaco Silva na construção da Ponte Vasco da Gama!
Nem me interessa saber se foi ou não porque a curiosidade está no reparo em si que, pode dizer-se, atribui ao facto a natureza de “pecado original” que não tem.
As PPP não são um mal em si. Pelo contrário, poderão ser o modo de antecipar a disponibilização de infra-estruturas que, de outro modo, só muito mais tarde poderiam ser feitas, tal como uma compra a crédito permite antecipar a aquisição de um bem de que se necessita.
Quer num caso quer no noutro, a questão está nas negociações que se fazem para a satisfação das obrigações que se contraem bem como, obviamente, para estabelecer o preço inicial. É aqui que a questão se coloca.
Em primeiro lugar, enquanto numa compra pessoal será quem a negoceia que assume o compromisso de a pagar num período de tempo compatível com sua a esperança de vida, numa obra pública competirá ao Estado pagar o que um ou vários indivíduos em seu nome negociaram, podendo dispor de um período mais longo de pagamento que poderá abranger várias gerações.
O sucesso destes contratos dependerá das boas negociações que se façam e das garantia de meios de pagamento bastantes.
A facilidade de obtenção de meios financeiros tornou descuidadas as pessoas e permissivos os Estados que se desleixaram nas negociações e deixaram que os níveis de endividamento assumissem proporções excessivas em relação aos rendimentos. Uma situação destas só pode ter como resultado a falência!
Sócrates elevou a dívida pública para níveis que duplicaram os que encontrara e acabou por exceder o PIB nacional, em consequência de um programa de infra-estruturas, sobretudo viárias, que excedeu as necessidades. De facto e por exemplo, dotou Portugal com uma rede de auto-estradas tão densa como só na Alemanha ou na Holanda podemos encontrar. O excesso em relação às necessidades é óbvia, além de que não se trata de de iniciativas que beneficiem a maioria da população.
E, porque não dizê-lo, as condições de negociação são susceptíveis de atos ilícitos que negociações “complexas” podem mascarar. A não ser assim, a única explicação será a incompetência de quem negoceia.
O mesmo número do CM de onde retirei a notícia de que dei conta, refere, curiosamente, que o Presidente do Instituto Nacional das Infra-Estruturas afirmou ter sido alvo de coação de um despacho do ex-secretário de Estado das obras públicas (do governo de Sócrates) depois de ter enviado um relatório muito crítico sobre a renegociação de contratos de concessões rodoviárias”.
Além disto, não é fácil esquecer os reparos e as críticas públicas aos excessos despesistas de Sócrates e seus ministros que, quase unanimemente, apontavam para o desfecho que acabou por acontecer.
Torna-se óbvio que será de começar a pensar seriamente na responsabilização de quem, seja por qual razão for, provocou a situação que prejudica todo um povo.

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