O Orçamento de Estado (OE) para 2012 é preocupante. Mas, mais preocupante ainda é a polémica que, por conta dele, se instalou.
Não se entendem os economistas que ainda não perceberam bem o que se passa nem são unânimes quanto ao modo de fazer seja o que for que remedeie as deploráveis condições em que vivemos. Não se unem os políticos a quem confiámos a responsabilidade de cuidarem do que é nosso e eles tomam como seu, tornando mais difícil ou inviabilizando a solução para a qual todos deveríamos trabalhar. Não nos entendemos todos nós que, seja porque estamos eufeudados a uma partidarite qualquer seja porque não nos dispuzémos, ainda, a pensar sobre o que se passa, sofremos as agruras de uma austeridade que, deste modo, poderá vir a ser muito maior.
Dentro dos próprios partidos há confrontos, atitudes estranhas, ressentimentos e picardias que, por certo, os enfraquecem, com prejuízo de todos nós.
No PS, os “socratistas” tentam recuperar do afastamento púdico a que foram condenados, confundindo factos claros dos quais fazem interpretações maquiavélicas que têm em vista o “renascimento” de Sócrates em todo o seu esplendor de disparates; O PS de Seguro tenta fazer como Pilatos, lavando as mãos das porcarias que, num passado muito próximo, empolgadamente louvou; No PSD os “barões” de antanho que tentaram evitar a “renovação” que Passos Coelho acabou por impôr, vomitam disparates que em são juízo nem se atreveriam a balbuciar; O CDS mantem-se discreto e os demais partidos representados na AR não vão além da leitura da “cartilha” que não dá margem à inovação!
Fora do areópago de S. Bento que já foi mais prestigiado, não admira que, pelos milhões de afectados por medidas de austeridade que se não esperavam tão severas, as queixas se façam ouvir das mais diversas formas. Assiste-lhes todo o direito à indignação por terem sido enganados pelo modo de viver desafogado que lhes disseram terem preparado para si; sentem-se desesperados na incerteza de um futuro que de risonho nada tem.
Mas logo estas manifestações genuínas e legítimas são alvo do aproveitamento oportunista dos mestres da contestação, dos que nada fizeram pelo bem comum mas se sentem no direito de falar em nome dos fracos e dos oprimidos e de por eles decidirem as formas de luta porque de cooperação nada sabem.
Compreende-se a ansiedade dos que penam, mas nem todos os remédios se podem tomar ao mesmo tempo nem de uma vez só.
Por mim, atingido, também e severamente, pelas medidas de austeridade para cujas causas não contribuí, não vejo que seja hora de reclamar porque sei que é mais fácil dar o nó do que desatá-lo. Desejo, até, que nunca o seja e que as medidas que agora me atingem sejam, no momento possível, substituídas pelas que poderão garantir a estabilidade que hoje não temos.
Não será uma terefa fácil para quem tenha de a levar a cabo, tendo em conta que o anterior governo deixou buracos e encargos que, para além de nós, castigarão os nossos filhos e netos ao longo de muito tempo.
Quinze mil milhões de euros é o buraco que corresponde às PPP – parcerias público privadas – que tornaram milionária muita gente.
Se a isto juntarmos os organismos fantasmas criados para arranjar “jobs for the boys”, poderemos avaliar quanto iremos penar pelas consequências dos erros que Sócrates e o seu Partido Socialista nos deixaram por legado!
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