ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

HÁ OU NÃO LIMITES PARA AUSTERIDADE?

O Presidente da República, que foi o primeiro-ministro que iniciou a era dos novos-ricos que nos levou aos excessos consumistas que nos trouxe até ao ponto de ruptura financeira em que nos encontramos, manifestou-se de um modo descabido sobre o Orçamento de Estado pois, numa reunião de economistas em que ele não era apenas mais um por força do cargo e não pela qualidade da opinião que possa manifestar, alterou claramente os equilíbrios políticos pelos quais lhe competiria zelar.
Este manifesto público contra o OE só pode significar que não concorda com ele e, consequentemente, o não poderá promulgar. Veremos!
Parece não saber Sua Excelência que, deste modo, deu força ao partido que mais culpas tem na austeridade que sofremos para votar contra um orçamento que, de certo modo, ele próprio negociou com a Troika!
Não são unânimes nas suas opiniões os economistas independentes que, na sua maioria, reconhecem que o estado de “indigência” a que chegámos derrubou todas as barreiras de austeridade que a razoabilidade poderia erguer.
É um orçamento duro, sem dúvida, mas imposto por circunstâncias que nem o próprio Presidente da República foi capaz de prever, diga quantas vezes quiser que “bem avisou”, como é seu hábito fazer. Mas mais vale um orçamento excepcional que resulte do que outro que, por falta de determinação, fracasse porque, se tal acontecer, entraremos numa espiral de desgraças que ninguém controlará.
Mas o que eu gostaria de conhecer são as propostas concretas, inovadores e mágicas que nos permitiriam pagar as dívidas que fizemos e relançar uma economia de base que Cavaco começou a destruir, sem necessidade de medidas de austeridade.
Espero que estas medidas transitórias sejam bastantes para iniciar um processo de recuperação das finanças do país e permita o relançamento de uma economia sã, impossível sem uma mudança profunda nos hábitos de vida de quem alguma coisa terá de aprender com a crise.
Sempre ouvi dizer que quem se cura não se regala, a menos que não queira curar-se.
Os limites para a austeridade pautam-se pelos limites que nos impusermos no equilíbrio das contas e no controlo das despesas, o que não soubemos fazer.
Uma condição, porém, se impõe: que a austeridade, tenha a dimensão que tiver, seja para todos!

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