Tudo
acontece, se altera ou se mantém em função de qualquer coisa. Nada
é totalmente independente, seja porque se altera quando outros
factores se alteram, seja porque, alterando-se, faz com que outros
factores se alterem também.
Depois
de definidos os parâmetros que interferem entre si em determinado
fenómeno, é no seu conjunto que devemos procurar a forma como se
relacionam e interagem.
A
matemática chama a tal relacionamento uma “função” cuja
análise nos permite determinar o “domínio” em que é válida,
bem como os seus limites, as descontinuidades e as tendências que se
verifiquem, entre outras coisas.
Este
conceito matemático é aplicável em tudo na vida, mesmo quando
apenas o conseguimos fazer de um modo intuitivo e sem avaliação
quantitativa, quando temos a noção do que necessitamos para
materializar um projecto, de como temos de conjugar os elementos para
alcançar um determinado resultado ou dos resultados que podemos
esperar quando alteramos procedimentos.
Sempre
que, para esclarecer uma questão, dizemos “depende”, estamos a
reconhecer que existe mais do que um factor a influenciar a questão
que analisamos. Talvez esta seja a situação mais frequente nos
múltiplos problemas que, ao longo da vida, temos de resolver.
Ter
a noção das consequências das nossas atitudes é, afinal, um
exercício “funcional” que só pode ser bem sucedido se
conhecermos a “função” ou “funções” segundo as quais o
que fizermos se relaciona com tudo aquilo que possa afectar.
Na
actividade política, onde toda a decisão tomada tem em vista um
objectivo específico, a análise funcional permitirá detectar, para
além deste, outras consequências que deverão ser avaliadas, tendo
em conta o objectivo global.
A
gestão financeira que tantos problemas nos coloca, sobretudo em
situação de crise, é um caso flagrante da necessidade de avaliar
todas as consequências de uma decisão e, não raramente, são
óbvios os efeitos contraditórios dos diversos parâmetros em causa,
não havendo melhor forma de decidir que não seja a de encontrar um
ponto de equilíbrio, porventura distante do objectivo final
pretendido.
Mas
dificilmente a política, mesmo quando se preocupa com efeitos
funcionais, se conforma com situações como esta, preferindo
maximizar um objectivo específico que mais lhe interesse, em vez de
optimizar a solução global. O que, naturalmente, é um erro grave
que não pode deixar de ter más consequências.
É
esta, afinal a situação que vivemos e se vive um pouco por todo o
mundo quando, em vez de objectivos sociais que se materializam na
satisfação de necessidades essenciais do Ser Humano, dedicamos toda
a atenção aos meios financeiros que, cada vez menos, reflectem o
valor real dos recursos naturais necessários para as satisfazer,
depois de ultrapassadas as metas possíveis de alcançar com os
disponíveis. Por isso, não passa de estultícia desejar o nível de
vida que a exiguidade de recursos não permite suportar, como disso
não passará, também, não querer baixar o que foi alcançado em
situação de carência de meios financeiros que conduziu ao
endividamento que, afinal, tão difícil é de reduzir com tamanha
austeridade como a que as circunstâncias impõem.
Há
um profundo estudo para fazer, do qual resulte a definição do que
seja possível de alcançar de um modo sustentável, sem a leviandade
de exagerar a influência do que possa acontecer em consequência dos
desenvolvimentos tecnológicos ou de descobertas que, como é
evidente, já não contam com o imenso desconhecido com que antes se
podia contar!
Há
que ter a consciência de que as circunstâncias mudaram com o uso
excessivo e leviano de recursos preciosos cuja reposição natural
não acontece à velocidade com que o crescimento económico a
reclama.
A
moderação será, por isso, a única solução que permitirá
harmonizar as numerosas variáveis desta função complexa que é a
vida!
Sem comentários:
Enviar um comentário