ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A FUNÇÃO

Tudo acontece, se altera ou se mantém em função de qualquer coisa. Nada é totalmente independente, seja porque se altera quando outros factores se alteram, seja porque, alterando-se, faz com que outros factores se alterem também.
Depois de definidos os parâmetros que interferem entre si em determinado fenómeno, é no seu conjunto que devemos procurar a forma como se relacionam e interagem.
A matemática chama a tal relacionamento uma “função” cuja análise nos permite determinar o “domínio” em que é válida, bem como os seus limites, as descontinuidades e as tendências que se verifiquem, entre outras coisas.
Este conceito matemático é aplicável em tudo na vida, mesmo quando apenas o conseguimos fazer de um modo intuitivo e sem avaliação quantitativa, quando temos a noção do que necessitamos para materializar um projecto, de como temos de conjugar os elementos para alcançar um determinado resultado ou dos resultados que podemos esperar quando alteramos procedimentos.
Sempre que, para esclarecer uma questão, dizemos “depende”, estamos a reconhecer que existe mais do que um factor a influenciar a questão que analisamos. Talvez esta seja a situação mais frequente nos múltiplos problemas que, ao longo da vida, temos de resolver.
Ter a noção das consequências das nossas atitudes é, afinal, um exercício “funcional” que só pode ser bem sucedido se conhecermos a “função” ou “funções” segundo as quais o que fizermos se relaciona com tudo aquilo que possa afectar.
Na actividade política, onde toda a decisão tomada tem em vista um objectivo específico, a análise funcional permitirá detectar, para além deste, outras consequências que deverão ser avaliadas, tendo em conta o objectivo global.
A gestão financeira que tantos problemas nos coloca, sobretudo em situação de crise, é um caso flagrante da necessidade de avaliar todas as consequências de uma decisão e, não raramente, são óbvios os efeitos contraditórios dos diversos parâmetros em causa, não havendo melhor forma de decidir que não seja a de encontrar um ponto de equilíbrio, porventura distante do objectivo final pretendido.
Mas dificilmente a política, mesmo quando se preocupa com efeitos funcionais, se conforma com situações como esta, preferindo maximizar um objectivo específico que mais lhe interesse, em vez de optimizar a solução global. O que, naturalmente, é um erro grave que não pode deixar de ter más consequências.
É esta, afinal a situação que vivemos e se vive um pouco por todo o mundo quando, em vez de objectivos sociais que se materializam na satisfação de necessidades essenciais do Ser Humano, dedicamos toda a atenção aos meios financeiros que, cada vez menos, reflectem o valor real dos recursos naturais necessários para as satisfazer, depois de ultrapassadas as metas possíveis de alcançar com os disponíveis. Por isso, não passa de estultícia desejar o nível de vida que a exiguidade de recursos não permite suportar, como disso não passará, também, não querer baixar o que foi alcançado em situação de carência de meios financeiros que conduziu ao endividamento que, afinal, tão difícil é de reduzir com tamanha austeridade como a que as circunstâncias impõem.
Há um profundo estudo para fazer, do qual resulte a definição do que seja possível de alcançar de um modo sustentável, sem a leviandade de exagerar a influência do que possa acontecer em consequência dos desenvolvimentos tecnológicos ou de descobertas que, como é evidente, já não contam com o imenso desconhecido com que antes se podia contar!
Há que ter a consciência de que as circunstâncias mudaram com o uso excessivo e leviano de recursos preciosos cuja reposição natural não acontece à velocidade com que o crescimento económico a reclama.
A moderação será, por isso, a única solução que permitirá harmonizar as numerosas variáveis desta função complexa que é a vida!

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