ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

PASSOS COELHO “ENTALOU” O TC?

Sempre ouvi dizer que “depressa e bem, há pouco quem”.
Talvez Marcelo Rebelo de Sousa seja uma dessa poucas pessoas que fazem muita coisa e tudo bem feito. Mas duvido porque, pelo que a vida me ensinou, a segunda parte do ditado deveria ser “não há quem”. E, de facto, ao Professor escapam, por vezes, certas coisas que lhe não escapariam se reflectisse um pouco mais.
Ele é um Homem extremamente ocupado, que dorme muito pouco segundo ele próprio diz. O muito que tem para fazer não lhe deixa tempo para mais. E isto faz-me lembrar um episódio histórico em que o célebre filósofo irlandês Bernard Shaw perguntou, um dia, a um amigo que nunca encontrava tempo para uma conversa: “olhe lá, você nunca pára para pensar?”
Desta vez, ao considerar que “as decisões do TC, enquanto instituição, “nunca são um risco”, decerto não se lembrou que, da última vez que este tribunal se pronunciou, o fez de um modo que muito bons constitucionalistas não esperavam e deixou passar o “complemento especial de solidariedade” aplicado aos reformados em que todos eram unânimes que estaria ferido de uma inconstitucionalidade evidente pela falta de equitatividade no pedido de um esforço que a mais ninguém era pedido. Entretanto, outros aspectos mais subjectivos, que seriam mais do foro das decisões governamentais do que constitucionais, foram reprovadas, criando uma confusão diabólica de que ainda hoje nos ressentimos! Para gáudio da péssima oposição que temos.
Soube-se, mais tarde, que o Presidente 
do Tribunal Constitucional, numa reunião do Conselho de Estado, terá respondido duramente a Passos Coelho, a propósito das críticas que este fizera à sua decisão que, contudo, acatou.
E juntando a esta e outras coisas o que um querido amigo, ilustre advogado, um dia me disse, que “no tribunal só ainda não vi vacas voarem”, eu só posso concluir que as decisões dos tribunais contêm, pelo menos,muito de risco!
Mas, para além disso, quando se trata do Tribunal Constitucional muito mais risco contém, sobretudo quando aqueles que nos emprestaram dinheiro e agora precisamos que nos emprestem ainda mais para não cairmos na insolvência, nos fazem imposições a que a nossa Constituição não reage bem.
Entendem os credores de Portugal que não pode uma Constituição conceder regalias ou privilégios que eles tenham de pagar! O que se compreende.
E como a Constituição também não paga...
Pois, como já disse, pareceu-me normal que o Primeiro-Ministro tenha feito os reparos que fez porque necessitam, o TC e os portugueses, de saber as consequências das decisões que aquele tribunal tome em função de pormenores da situação do país, que não conhece, e das consequências que, no relacionamento com os nossos financiadores, podem ter.
Se isto foi “entalar” o TC... é um modo de ver. Fica para a História e um dia alguém poderá ser criticado pelo que suceder.
Tão só!

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