ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

GREVE, UM DIREITO CÍVICO OU UMA ARMA DE ARREMESSO?

O terrível acidente de Santiago fez vir ao de cima várias situações de falta de cuidado da parte de quem controla os comboios, nomeadamente os maquinistas. É uma forma do vulgar “casa roubada, trancas na porta”.
Depois de se saber que houve negligência no caso de Santiago de Compostela, logo surgiram notícias e provas de atitudes reprováveis de maquinistas na Argentina, país onde ocorrem frequentes acidentes ferroviários. Diversos periódicos publicaram fotografias de condutores de comboios que falam ao telefone, lêm e até adormecem enquanto o comboio lá vai galgando quilómetros sem ninguém atento ao que possa suceder e ao cumprimento das regras que, sem dúvida, haverá para cumprir.
É natural que, por isso, os acidentes aconteçam quando menos se espera, com as consequências sempre trágicas que se sabe que sempre têm.
Os maquinistas argentinos não gostaram da denúncia e, vai daí, entram em greve por tempo indeterminado, porque se sentem humilhados pela campanha que os faz parecer irresponsáveis!
E mais uma vez a greve se constitui numa arma de arremesso disfarçada de direito cívico, porque não vejo que seja este o modo certo de lutar contra factos que a realidade prova e mostra serem responsáveis por perdas graves de vidas e de bens.
O sindicato daqueles profissionais deveria, em vez da greve, pedir desculpas por alguns maus profissionais indignos de pertencerem à classe e actuar no sentido de evitar que tais factos voltem a acontecer, com a atitude digna e pedagógica que se espera de quem seja responsável.
Sempre me pareceu que as greves arbitrárias não passam de reminescências toscas dos confrontos excessivos que, em outros tempos, as circunstâncias justificariam.
Há diversos tipos de greves, de prevenção, de retaliação, de solidariedade, eu sei lá... quando não deveriam passar de uma atitude extrema que o bom senso das partes sempre deveria tentar evitar.
Hoje as coisas deveriam passar-se de modo diferente e, tal como acontece em vários princípios e procedimentos que vêm de há muito tempo, as atitudes dos sindicatos e a prática de greves deveria ser ajustada a novas realidades, a leis e a modos de julgamento que evoluiram e, por isso, permitiriam novas formas de defesa dos direitos dos trabalhadores. Talvez as novas formas de luta com que, por vezes, se ameaça mas sempre acabam sendo a mesma.
Em primeiro lugar a própria definição dos direitos cuja defesa justifique a greve como medida final e, depois, o modo de os fazer respeitar.
O que me não parece que se coadune com a realidade actual é o direito de fazer greve quando e pelas razões que os trabalhadores entenderem, nestes tempos que, insisto, são dos mais difíceis e determinantes para o futuro da Humanidade que se confronta com riscos muito sérios, tal como muitas outras espécies que, consigo, habitam a Terra.
Se tanto se fala da necessidade, para a economia, de estabilidade e de previsibilidade que permita aos investidores tomar decisões conforme regras e condições que não lhes tragam surpresas desagradáveis e, com elas, excessivos riscos para os seus investimentos, por que razão a lei da greve se não ajusta às novas necessidades também?

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