Foi
um acidente brutal que, pelas suas consequências, deve merecer uma
atenção muito especial, da qual sejam tiradas ilacções para que
possam evitar-se, no futuro, tragédias semelhantes.
Para
além dos que perderam a vida no acidente e dos que, por via dele,
vão ficar seriamente estropiados, dos trabalhos de limpeza da via e
da culpabilização do maquinista, as notícias nada ou pouco mais
dizem. Mas haverá, certamente, um trabalho profundo a fazer para lá
de tudo isso. Haverá providências a tomar, alterações a fazer,
para além da simples condenação do mais evidente culpado.
A
primeira coisa que me chamou a atenção foi aquela curva que deve
ser feita a uma velocidade reduzida numa linha de alta velocidade.
Se
este é já um troço para além da linha de alta velocidade é uma
questão sem importância relevante, pois não me dei conta de
existir qualquer descontinuidade notável, daquelas que, só por si,
chamam a atenção e obrigam a reduzir a velocidade. Sendo assim,
qualquer possível distracção, como as fatais circunstâncias
mostraram ser possível acontecer, pode gerar um acidente grave como
aquele que aconteceu, tal como pode ocorrer se, numa auto-estrada,
existir uma curva demasiadamente apertada em que a velocidade de
segurança seja muito inferior àquela da via a que pertence, por
melhor assinalada que esteja. Quanto a mim este é um erro grave que
culpabiliza quem concebeu a linha se não tomou providências para
minimizar, através de outros dispositivos mecânicos ou
electrónicos, a possibilidade de descuido na travagem atempada que
deve ser feita e sem a qual o acidente é inevitável.
Além
disso, em combóios de alta velocidade, nos quais até pequenas
circunstâncias podem ser causa dos graves acidentes que a alta
velocidade potencia, não deveria existir um dispositivo do tipo GPS
que mostrasse ao maquinista, a cada momento, a localização do
combóio, para evitar que, como disse o que era responsável pela
fatídica viagem, perdesse a noção do troço em que se encontrava?
E
uma doença súbita do maquinista como se previne?
A
alta velocidade comporta riscos demasidamente elevados para que não
existam dispositivos que os minimizem numa série de circunstâncias
que podem ocorrer, não deixando apenas à falibilidade de um
maquinista a segurança de dezenas ou centeneas de pessoas que
viajam.
Depois
de ler uma notícia de que a “CP já não faz exames psicológicos
aos maquinistas”, mais preocupado fiquei, tanto mais porque é
sabido como os desarranjos psicológicos têm sido uma consequência
desta crise que vivemos e a muita gente tem tirado a esperança de
superar a situação greve em que incorreu.
É
a segurança que está em causa. Depois, há o princípio de que nada
acontece por uma razão apenas.
Espero
que a “renfe” se não fique pela culpabilização do maquinista
no apuramento das responsabilidades deste terrível acidente.
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