Como é evidente, não posso conhecer
as intenções profundas das pessoas, nem quando o Governo insiste com o PS para
cooperar nas decisões de médio e longo prazo para o futuro do país, nem quando
o PS rejeita assim proceder.
Democraticamente, esta recusa é um
direito que assiste aos socialistas, mesmo que para Portugal, para a defesa dos
seus interesses e alcance de significativas melhores condições de
financiamento seja uma atitude fortemente penalizante para o país, o que mostra
como esta Democracia não ajustada à realidade do tempo que vivemos continua a
ser um regime de vistas curtas e de soluções que não vão além do muito curto
prazo, quando o futuro se prepara com a antecedência bastante que a
crescente complexidade dos problemas exige.
É, pois, uma tanto difícil
compreender agora por que o PS desafia o Governo a clarificar o que pretende
fazer em 2014, afirmando ser este o momento certo para o fazer. De facto,
podendo estar ao corrente do que esteja a ser feito, através da cooperação que
nega, por que julgará o PS que deve antecipadamente saber o que está a ser
preparado?
Creio que qualquer pessoa de bom
senso preferiria a cooperação que tornaria mais credíveis as soluções aos olhos
dos “mercados” que, deste modo, nos financiariam com menos incertezas e, por
isso, em melhores condições.
É fácil, por isso, pensar que este
pedido do PS nada terá a ver com uma real vontade de cooperar num Orçamento
que, depois, também aprovaria, mas sim com uma antecipação de críticas que
tornaria mais complicado à maioria de nós entender o que esteja mais ou menos
certo.
Não tenho por interessada e
patriótica a atitude dos socialistas. Antes penso que, uma vez mais, pretendem
criar condições de confusão das quais crêem poder tirar dividendos que os
ajudassem a recuperar a situação manifestamente privilegiada que tiveram e, por
total incapacidade, perderam. Uma manifestação óbvia de incapacidade perante um
governo eleitoralmente fragilizado pelas medidas impopulares que, o mais provavelmente,
conduziriam a uma catástrofe nas eleições que se avizinham.
Em vez disso, deixam cada vez mais
óbvia a ganância de poder ao qual já deram sobejas provas de não saber dar bom
uso. Por isso estamos nesta situação difícil que vivemos.
Continuam os socialistas a apostar
na estupidez dos que não são capazes de ver para além do imediato e na natural revolta
dos que, pelas grandes dores que sofrem, desejam uma mudança, seja qual for, na
esperança de uma melhoria qualquer que dela possa resultar.
E continuo sem saber, num país com
finanças arrasadas pelo despesismo socialista e ainda dependente, para o seu
financiamento corrente, de quem o ajuda, como o PS acabaria com a austeridade
que, com este governo ou com outro qualquer, por sua maior culpa ainda vai
durar muitos anos.
Mas como não sou estúpido, se o PS
explicasse como o conseguiria fazer, decerto eu compreenderia!
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