Não é apenas entre
partidos que os desentendimentos egoístas acontecem porque não são, apenas, os
partidos que disputam o poder. As pessoas também o disputam e têm estratégias
próprias para o alcançar.
Multiplicam-se as provas
dos confrontos dentro dos partidos, nos quais, para além de uma certa
pluralidade saudável que um ideal comum concerta, são cada vez mais evidentes diferenças
mais profundas que, até, insanáveis me parecem.
São confrontos, questões
que nos partidos marginais ao poder não são importantes porque, sobre eles,
prevalece, ainda, o desejo de o atingir. Depois, tal como para lá da quase
esquecida “cortina de ferro”, as coisas modificam-se e a guerra assume proporções
trágicas.
No PS, desde muito cedo se
notaram as diferenças que, entre as franjas extremas, sempre foram grandes e
foram crescendo ao longo do tempo. No presente, sobretudo depois do “consulado”
de Sócrates, tudo ficou mais claro. Soares e Alegre defrontaram-se em eleições
que evidenciaram bem a fractura existente, ou apenas uma delas, pois Seguro e
outros tiveram alguns actos de rebeldia política que fazia crer que outra
fractura existiria.
Hoje, perante as
necessidades de cooperação de um país debilitado que esperava mais de um PS
consciente, a principal fractura deslocou-se por força de uma combinação de
forças Soares/Alegre que impediram Seguro de fazer o que o bom senso, apesar das suas ambições pessoais, lhe propunha. A ameaça de cisão amedrontou-o porque o deixaria sem um
partido significativo que o pudesse tornar, um dia, o Primeiro-Ministro que
ambiciona ser.
No PSD, embora diferentes,
as lutas intestinas também acontecem. Depois do tempo do “barões” cuja lealdade
arrefeceu depois de destronados, outros apareceram com iguais ambições de poder
que, por esta circunstância ou por aquela, lhes foi fugindo.
Mas o fogo larvar da
ambição nunca se apaga de vez, como o prova Rui Rio que vai terminar as suas
funções de Presidente da Câmara do Porto e já prepara a sua entrada em outra
cena que o encaminhe até à presidência do seu partido. Mas dizer mal, publicamente,
de um “companheiro de partido” que lhe poderá suceder e recriminar grosseiramente
o Primeiro-Ministro e Presidente do PSD pela escolha da Ministra das Finanças
que, segundo ele, jamais o seria num país civilizado, são atitudes de ganância
política que só podem granjear-lhe maus resultados. Pelo menos é o que sucede
nos países evoluídos…
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