Há casos que, por mais que
se expliquem, nunca ficam bem explicados, como acontece com as demissões de
Gaspar e de Portas. E quando são os “analistas de profissão” a fazê-lo, a coisa
ainda mais se complica, porque as explicações, mesmo as mais simples, sempre
acabam indecifráveis!
Lembram-se de razões que
nem ao diabo lembrariam. Conseguem dizer nada de milhares de modos diferentes, encher
o tempo com coisa nenhuma e, no final, deixar-nos perplexos com tanta
sabedoria!
Depois, aqueles gestos que
uns conselheiros de imagem por aí ensinam, conseguem dar ao discurso uma
amplitude que não é a que um discurso deve ter, pois mais parecem uma linguagem
gestual mal aplicada.
A verdade, porém, é que em
todas as causas sejam do que forem, sempre existem dois tempos que são a
verdadeira razão por que se faz o que se quer fazer e o pretexto que se
encontra ou a explicação que se arranja para dar como se fosse a razão por que
se acaba por tomar uma atitude qualquer.
Enquanto as razões de
Gaspar são explicadas numa carta extensa que, de um modo geral, é considerada
como uma atitude de grande dignidade e muito compreensível, a de Paulo Portas nem
existiu, pelo que mais parece uma fuga dissimulada da qual não dá quaisquer
explicações, talvez até que o tempo lhe traga a ideia salvadora de uma
explicação que ainda não encontrou.
O que na atitude de Portas
me parece de menos, parece-me demais na de Gaspar que não precisaria de tanta
escrita para dizer que se não demitiu a tempo, no momento em deveria tê-lo
feito e, por isso, deveria pedir desculpas.
Já a atitude de Portas me
parece mais a de quem ficou sem as razões que o mantinham nos limites os quais prometeu
nunca ultrapassar e, por isso, se assustou pelo complexo trabalho que seria o
tão anunciado “guião” pelo qual ficou responsável. Uma saída "discreta" foi a
solução que encontrou.
E lembrar-me eu de que os
tais analistas o deram como o “grande vencedor” na contenda com Gaspar sobre a
reestruturação do Estado! Teoria que caiu por terra quando se escapuliu…
Diz-me a experiência de
uma vida longa que as boas explicações, as verdadeiras explicações, são sempre simples.
Todas as demais são intervenções com objectivos mais ou menos concretos em
vista, a preparação para o que há-de vir depois.
Resta-me esperar pela que
dará Paulo Portas, a menos que tenha decidido terminar aqui a sua carreira
política. Mas coisa boa não sai dali! Aliás, nem admirado fiquei com ela.
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