Depois de umas horas ao
longo das quais nada foi dito que não tenha já sido ouvido, onde se terçaram
argumentos em contendas monotonamente repetidas, onde a imaginação não
raramente ultrapassou a razão e a fantasia se sobrepôs à realidade, onde mais
uma vez se demonstrou que o desejo de salvar Portugal não é a preocupação mais
presente, muita gente e muitos meios foram mobilizados e serão pagos, meios que
custam demasiado dinheiro a contribuintes já sobrecarregados pelas exigências
de uma dívida de que as alternativas à política de controlo orçamental
necessária, mas posta em causa por uma moção de censura, são a verdadeira
origem.
E tudo isto para se chegar
a uma conclusão que todos já sabíamos qual seria, naquele parlamento onde
acções de mero exibicionismo pessoal ou partidário e de palavreado truculento e
oportunista, sem cuidados de rigor e, muitas vezes, sem bases de conhecimento
que as sustentem, foram o único contributo para a superação de uma emergência
nacional que se fará com acções, com dedicação à causa da pátria e não com as
fantasias a que duzentos e cinquenta deputados e mais uns quantos ministros e
secretários de Estado se entregaram sem resolver coisa nenhuma!
Mais uma vez nos podemos
dar conta de não termos, em Portugal e como seria necessário que tivéssemos, uma oposição que
enfrente o Governo para o obrigar a ser melhor em vez de o pressionar para se
demitir e deitar tudo a perder para começar de novo, como é próprio das ambições,
dos oportunismos e de interesses instalados
E quando acontece um repto
para uma outra discussão objectiva sobre os problemas do país, num outro lugar
na AR e em seguida à votação no parlamento, com a presença da ministra das
finanças para avaliação da verdadeira situação financeira do país, não dou
conta da anuência que a oposição deveria demonstrar, pois esclarecer é, sempre, o que deve anteceder o acto de resolver.
A demagogia, nisto venceu.
Mas na votação que se seguiu, após um discurso longo e enfadonho de um representante do PEV que
reproduziu , na íntegra, uma bem conhecida cassete, a moção teve o
destino que se previa.
Então, para que serviu esta
orgia de tempo perdido, depois da qual cada um ficou na sua, o Governo não caiu nem ficou mais forte e só Portugal fica pior?
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