ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

ARTIMANHAS DEMOCRÁTICAS



Uma sondagem cujos resultados acabam de sair, realizada depois das barbaridades em que o nosso ambiente político foi, recentemente, muito fértil, causa-me a mesma perplexidade que outras já me causaram, com intenções de voto nos partidos do chamado “arco do governo” a subirem enquanto o mérito de personalidades e de instituições decresce cada vez mais.
Dizem-me estes resultados que os portugueses continuam a apostar nos partidos pelos quais são responsáveis aqueles a quem não reconhecem qualidades bastantes e participam nas entidades cujo demérito também reconhecem.
Curioso é que o que mais reclama democracia e, talvez por isso, seja o que melhores resultados obtém, também seja o que menos a respeita ao não acatar as suas regras, antes preferindo as contra-regras, como o prova o não entendimento dos contributos que as forças políticas podem e devem dar em proveito do país, sobretudo em tempo de emergência e quando, em vez de confronto, é de diálogo esclarecedor que necessita.
Por isso me não pareceu muito feliz a decisão do Presidente da República ao propor o que o PS já tantas vezes declarou não desejar, o que pode significar que a sua verdadeira solução seja a que não mencionou mas disse haver e talvez acabe por brevemente decidir quando, no “curtíssimo prazo” que concede ao entendimento entre os partidos, o acordo não surgir. Como tudo faz crer que não surja.
Aliás, é esta uma conclusão que se pode retirar de uma frase lapidar de António José Seguro na Assembleia da República, por definição o local de diálogo democrático que pode conduzir às soluções de governação de que, em qualquer momento, o país necessite.
Afirmou Seguro que “Nenhum diálogo político faz mudar a decisão do partido socialista”, a propósito do acordo exigido pelo Presidente da República! Um sintoma de casmurrice imprópria da autêntica democracia ou uma característica dos que, diz-se, nunca mudam de ideias.
Extraordinário este entendimento que o líder da oposição tem de um regime político que o diálogo distingue da sucessão de “ditaduras” em que se tornariam os governos a que a tão louvada alternância democrática vai dando lugar.
Pobre este país onde estas coisas acontecem. Triste país este em que o palavreado fácil fica no ouvido dos que não se dispõem a pensar na realidade que os cerca nem nos perigos que o populismo sem mérito sempre trás.

Sem comentários:

Enviar um comentário