Numa daquelas conversas
que costumo ouvir na rádio enquanto faço a barba e outras coisas da minha
higiene matinal, alguém hoje fez uma afirmação à qual não tive qualquer dúvida
em aderir. Enquanto se falava na penúria financeira do país onde não há dinheiro
para isto e para aquilo, alguém preferiu dizer que “dinheiro há, mas é preciso fazer opções quanto à forma de o utilizar”.
É uma verdade irrefutável
e um princípio indispensável para alcançar o equilíbrio financeiro.
Claro que há dinheiro
porque ele é gasto diariamente nas mais variadas coisas, incluindo o pagamento
dos juros das dívidas que acumulámos, ao que, na situação de dependência em que
nos encontramos, não há modo de fugir. E não adianta nada, a não ser nos
confrontos políticos que ainda mais nos desgastam, continuar a discutir quem
teve a culpa. Preciso é, mesmo, fazer contas à vida e, depois, tomar decisões
sobre o que poderemos fazer com o dinheiro de que, realmente, podemos dispor.
O dinheiro é o que, feitas
as contas, num dado momento e circunstâncias, estiver disponível. O modo de o
gastar dependerá do modo como pretendermos viver.
A realidade é um pouco
mais complexa, mas este é um modo simples de dizer que os nossos recursos
condicionam o nosso modo de vida no qual nunca poderemos ter tudo, o que o povo, com simplicidade mas muita
sabedoria, traduz no bem conhecido dilema “sol na eira ou chuva no nabal”.
Quem governa sente na pele
o dilema e, perante os recursos de que disponha, terá de fazer opções. Os
governados sentem na pele os efeitos das opções que o governo fizer. E, como
bem se sabe também, não as há que possam contentar todos. É aqui que faz
sentido a democracia, para que se faça como a maioria o preferir.
Mas duas condições terão
de ser respeitadas para que a democracia seja um regime justo. Não deve a
maioria exigir mais do que os recursos podem permitir, nem esquecer os direitos
das minorias que fazem parte, também, da mesma sociedade.
Na nossa actual situação
acontece que o governo nem sempre faz as opções certas com os recursos de que
dispõe e os governados sempre exigem mais do que os recursos podem dar.
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