Não
me parece que faça sentido a privatização dos CTT como a Troika
deseja e nunca ninguém me explicou bem o porque desta imposição que
o Governo nem sequer discutiu. Digo eu.
Não
é por se tratar de uma empresa pública que, ao contrário da
maioria, até dá lucro, mas porque se trata de um serviço de
proximidade muito especial para o qual, para muita gente e desde
sempre, a net ou os serviços bancários em muitos locais
inexistentes, não são, ainda, alternativas.
Portugal
é um país com muita gente idosa, dispersa por muitas pequenas
aldeias que ainda vão preenchendo vastas zonas do território, para
a qual os CTT são o modo de contactar e de receber muita coisa. Ali,
o carteiro ainda é aquele amigo especial que trás as notícias, a
reforma dos idosos e leva as cartas com as quais se dão notícias
aos que emigraram para longe.
Também
pode ser aquele local onde há o telefone que não temos, onde
podemos fazer alguns pagamentos e outras coisas simples que, de outro
modo se tornariam complicadas.
Apenas
ouvi uma explicação na defesa da privatização, a de um economista
a quem a privatização parece bem porque a empresa necessita de
investimentos que o Governo não tem condições para fazer!
É
esta visão das coisas, longe das razões sociais em que deveriam
basear-se as atitudes deste tipo, que me faz pensar como cada vez
mais a governação se pode distanciar dos objectivos de bem comum
que a deveriam nortear.
Não
me parece que a exploração por privados, cuja perspectiva de lucro
sem especiais cuidados sociais é natural, apesar de todos os
condicionamentos que sejam impostos, seja a que mais se coaduna com
este tipo de serviço que, pelo menos por enquanto, deveria continuar
a ser da responsabilidade do Estado.
A
vida, o modo de viver terá de sofrer alterações bastante profundas
dentro de não muito tempo, o que obrigará a repensar o modo de
satisfação de muitas das necessidades básicas em serviços
públicos.
Esta
imposição da Troika não é, de todo, uma imposição que a
situação de Portugal imponha, nem indispensável ao ajustamento
financeiro que estas medidas tenham em vista. Não passa de uma
imposição para sermos como outros que não são como nós!
Eu
entendo que para resolver problemas como os dos transportes, dos CTT
e outros de serviços de proximidade, haverá outros modos de fazer,
porventura bem melhores do que aqueles que a insensível Troika
propõe.
Além
de muitas outras coisas, é necessário reorganizar o território e,
com isso, todo este tipo de serviços que as populações mais
dispersas não podem dispensar.
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