ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 25 de julho de 2013

UM SÍNDROME QUALQUER...

Para além da indiferença que, creio, não será o modo como a maioria hoje pensa o seu futuro, há dois modos de encarar as mudanças a que a crise política deu lugar. Um será o de esperar que a mudança corrija algum do mal que foi feito, outro é dizer, desde logo, que tudo vai correr mal. Diz-se isso do Velho do Restêlo.
A esperança de que seja bem sucedida é, quanto a mim, a mais natural, já que as mudanças se fazem para melhorar o que não esteja bem. E por que não haveremos de ter esperança de que passe a ser melhor se, como a experiência nos diz, se aprende com os erros cometidos?
É verdade que a esperança nunca foi certeza e, também, que mudar por mudar nunca foi solução.
Mas quando, entre as possibilidades, se escolhe a menos má, mesmo que não seja a mais desejada, é uma atitude sensata a que se toma.
Não me parece valer a pena, sequer, admitir qualquer das soluções que os partidos que se dizem mais á esquerda propõem, pois não faria qualquer sentido tentar impor soluções que nos não são consentidas e, menos ainda, optar pela repetição do “orgulhosamente sós” para o qual outras medidas, que também propõem, nos atirariam de novo.
A solução mais desejada porque corresponderia a uma força negocial maior, foi anulada pelos sentimentos egoistas dos que colocaram os interesses partidários acima dos de todo um povo que aguarda, dos seus políticos, que façam o que seja melhor para o país. 
Afinal as forças políticas existem para que? Para defender interesses parciais e pouco claros ou para, em discussão democrática, participarem nas escolhas das melhores soluções?
Para além dos discursilhos de Seguro, vi defender dois tipos de razões para que o PS não fizesse o acordo de salvação nacional proposto pelo Presidente da república.
Um, do qual Mário Soares foi o mais evidente paladino, baseou-se na necessidade de “políticas de esquerda” a que PSD e CDS seriam contrários, pelo que o acordo cindiria o partido. O outro que, quase incrédulo, escutei da boca de António Vitorino, é o despreso a que o PS terá sido votado desde o início deste governo!
Não me surpreendeu a atitude de Soares, de Alegre e de outros para quem o romantismo da esquerda ainda possa ser solução. São fieis a ideiais que a realidade actual não justifica mas que continuam a ser os seus, os que a vivência num mundo em que ficaram enquistados lhes continua a sugerir como os melhores. É pena que Seguro não tenha aproveitado a oportunidade para enfrentar esse passadismo sem sentido e que, queira-o ou não, lhe divide o partido que, a continuar assim, não passará de uma contradição.
Mas fazer de uma eventual desconsideração do PS nas tomadas de posição do Governo no passado a justificação para que, agora, o partido não participe na “salvação nacional” que as dificuldades vividas reclamam com urgência, é uma forma requintada de egoismo e a forma mais eloquente de afirmar que, como alguém muito bem o disse, Seguro tenha preferido o PS ao país.
Se os partidos mais à esquerda continuam iguais a si próprios e, por isso, empenhados na defesa de utopias irrealizáveis, o PS revelou-se, definitivamente, o verdadeiro partido do orgulho solitário que o leva a pensar que nele, apenas, está a razão e a capacidade de fazer. Precisamente o que combateu no 25 de Abril mas não consegue deixar de adoptar como lema.
Um síndrome que deve ter um nome qualquer...

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