D Renato II, príncipe da
Pontinha (Funchal), concedeu autorização para que Cavaco Silva pudesse atravessar
as suas águas territoriais a caminho das Ilhas Selvagens. Deste modo evitou o
incidente diplomático que a passagem sem autorização poderia originar. Mas D
Renato é um governante sensato e apenas deseja viver em paz na sua Ilha que, em tempos, comprou por nove contos ao largo do Funchal e, depois, manter a
boa harmonia com o resto do mundo.
Assim fossem todos os “reis”
e “príncipes” por esse mundo fora, onde em vez dos sonhos simples mandam as
ambições desmedidas, as contradições e as atitudes mais esquisitas que se
possam imaginar.
D. Renato II definiu como
lema do seu principado “As palavras faladas voam, as escritas permanecem”, o que me faz pensar em como, afinal, tudo acaba
por voar, ao longo do tempo.
Bem me recordo de, nos
livros de História, ver relatadas atitudes de fidelidade a compromissos que
nunca foram escritos, do que são figuras salientes e, por certo de todos
conhecidas, Egas Moniz e D. João de Castro entre muitos outros que
tinham gravados nas suas consciências os seus deveres para com a pátria, para
com os seus semelhantes e para consigo próprios.
Enquanto, naqueles tempos,
era assim, não era necessário escrever um contrato para que fosse respeitado,
hoje as palavras mudam de significado perante as circunstâncias, conforme os
interesses de quem as pronuncia e nem o que se escreve faz fé!
Vive D. Renato num
principado de sonho mas de contradições também. Nada tem de diferente do resto
do mundo quanto a palavras faladas, mas conserva o respeito pelas que são
escritas e, por isso, não podem ser desmentidas. Inocência a de D. Renato!
Ele devia vir a Portugal
onde veria como nem umas nem outras valem sejam o que for. Bastar-lhe-ia uma
tarde na Assembleia da República, a de hoje por exemplo, para ver como falo
verdade.
E, para não perder a “inocência”
que, do seu principado, parece ser apanágio, melhor será que se não aperceba do
mais que por aqui se passa, com um partido a negociar, por um lado, um acordo
de salvação nacional com PSD e CDS, os partidos que apoiam o Governo, e, por
outro, em parceria com o BE e PCP, tentar derrubá-lo com uma moção de censura
na Assembleia da república. O truque está em dizer que não negoceia com o governo mas com partidos. Quem mais, senão o PS, se daria conta desta pequena diferença?
Que bom se houvesse outra
ilhazinha assim não longe de qualquer coisa, que me vendessem pelos nove contos
que aquela custou a D Renato, onde me refugiaria para escapar a estes
incidentes grotescos que por aqui acontecem e à verborreia dos que conseguem
que muitos acreditem nas barbaridades que dizem!
Imediatamente declararia, tal como ele fez, a independência e, quem sabe se, inspirado em camões, adoptaria o lema “Calem-se
dos políticos palradores, os disparates rascas que disseram…”
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