Numa Assembleia Geral que,
mesmo em tempo de férias, marcada com a antecedência mínima e para um Domingo
quente de verão, realizada dentro de um pavilhão que mais parecia um forno,
aconteceu História. Um Clube desportivo em estado comatoso e muitos afirmavam
não ter salvação possível, recusou-se a morrer.
Numa Assembleia Geral não
electiva que teve uma das maiores participações de sempre, o Sporting decidiu
lutar para viver e tudo fazer para regressar aos seus tempos de glória.
Falido e sem crédito, ao
Sporting não restavam mais de três caminhos, deixar-se levar pela desgraça,
aceitar um PER (Plano Especial de Reestruturação, assim como quem aceita uma
Troika) ou decidir-se por um Plano de Reestruturação próprio que, apesar de todos os
cortes e redimensionamento que implica, decidiu fazer das suas fraquezas forças
para poder sonhar com um futuro a maior ou menor prazo e voltar a ser o
Sporting que já foi.
Não foi um milagre o que
sucedeu, porque foi trabalho duro e esclarecimento total, a mobilização das
vontades indispensáveis à realização de um projecto de restauração do futuro que anteriores
gestões comprometeram.
Os sócios do Clube ficaram
cientes da situação em que ele se encontrava, do caminho que seguia e do
destino que o esperava. Não foi dourada a pílula amarga que teriam de engolir.
Foram escalpelizadas as
causas de ser assim para que melhor fossem compreendidas e, depois, entendidas as
soluções encontradas e propostas aos associados.
Não se poupou a Direcção
do Sporting ao esforço de esclarecer para, assim, mobilizar a força total de
que necessita para por em prática um plano que exige sacrifícios, abdicações e
paciência até que o sucesso possa acontecer seja amanhã, para o ano ou até hoje,
quem sabe?.
E, deste modo, o futuro do
Sporting foi colocado nas mãos dos sócios, apenas deles dependendo regressar à
grandeza de um passado brilhante
Os sócios compreenderam, ficaram motivados e com menos de 1% contra, muito poucas abstenções e cerca de 97,5% de
votos a favor, o Sporting aceitou o desafio de lutar por si!
Não me parece
despropositada a comparação com a situação do país, mesmo sabendo das
diferenças que entre as duas situações não podem deixar de existir. Mas
parecem-me semelhantes os procedimentos que podem analisar a situação, apresenta-la
aos cidadãos, esclarece-la, encontrar as mais adequadas soluções e faze-las
compreender e aceitar como a solução capaz de conduzir a um futuro melhor!
A Direcção do Sporting não
apresentou a solução aos representantes dos sócios. Foi a eles mesmos que falou,
foi a eles que esclareceu e pediu o complemento de que o seu esforço carece
para levar por diante uma recuperação que apenas com o apoio de todos será
possível.
É um outro estilo. A um
tempo inovador e democrático, porque esclarecido!
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