Ainda não sei muito bem o que pensar depois do discurso do Presidente da República e de tanta coisa que já ouvi dizer a seu propósito.
Um governo no “corredor da
morte” mas que o Presidente diz estar em plenitude de funções, um acordo de
salvação nacional que o PS liminarmente recusa além de exigir que os “partidos
da Lua” participem em quaisquer negociações que venham a ter lugar, um
Primeiro-Ministro sem condições para tomar as iniciativas decididas que as circunstâncias
exigem e, penso até, sem condições para proceder à remodelação governamental
que entenda conveniente, são contradições mais do que bastantes para tornar a
equação irresolúvel. Enfim, um conjunto de circunstâncias que podem despoletar as
mais diversas reacções, incluindo a de conduzir às eleições imediatas que o
Presidente quer evitar.
O aviso de que à falta de consensos
corresponderiam outras iniciativas possíveis no nosso quadro jurídico-institucional,
faz mesmo pensar que uma outra solução qualquer possa ser a que venha a ser
adoptada para evitar o afundamento político do país que uma geração de
políticos incompetentes pode provocar.
Não seria fácil ao Presidente
aceitar as soluções propostas por um governo cuja degradação sucessiva o
Primeiro Ministro consentiu, o Ministro das Finanças desacreditou com a
publicação de uma carta de demissão cuja intenção apenas poderá ser causar a
crise política que se seguiu, à qual Paulo Portas decidiu dar a dimensão de
catástrofe que Passos Coelho transformou numa “revista” à portuguesa com a
tomada de posse de uma Ministra das Finanças.
Nem imagino o que poderá
resultar das conversações que o Presidente diz que irá ter com os partidos
políticos entre os quais o PS pretende que estejam PCP e BE, os tais partidos
que parecem viver na Lua, para definir um acordo de salvação nacional de médio
prazo que inclua a marcação de eleições após a saída da Troika.
Pede o Presidente que os
partidos coloquem os interesses nacionais acima dos seus próprios, o que me
parece quase como pedir a uma vaca que voe!
Sinceramente, sinto desgosto
por tudo o que aconteceu e está a acontecer neste circo político ridículo a que
as pessoas sabedoras e conscientes deste país deveriam por fim.
Veremos que vai acontecer.
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