Enquanto,
pressionado pelo Presidente da República, o PS diz que vai
dialogando com “todos” os partidos (em reuniões a três), Seguro
afirma que o diálogo não alterará a decisão do PS, Zorrinho e
outros bem conhecidos socialistas andam pelo país em campanha por
eleições antecipadas (apesar das que Cavaco Silva já prometeu) e,
toque de arte final, o PS vai votar favoravelmente a moção de
censura dos Verdes.
Sendo
as soluções que o PCP e o BE defendem como melhores para a crise
financeira em Portugal completamente antagónicas das que o PS
negociou com a Troika e a coligação PSD/CDS-PP têm tentado
realizar, começo por não entender a posição negocial do PS com
aqueles partidos, a menos que esteja disposto a adoptar a tese que
eles propõem. Ou será que tal não passa de um compromisso do PS
consigo próprio, tentando acalmar as suas constantes incertezas?
Depois,
para que deseja o PS dialogar com PSD e CDS cujo governo está em
plenas funções, se afirma ir votar favoravelmente a moção de
censura dos Verdes? Será que serão iguais às razões dos Verdes
aquelas que o PS tem para censurar o Governo, ou será, apenas, uma
oportunidade que aproveita, assim como quem vai de boleia?
Não
terá de haver razões claras e oportunidades justificadas para tomar
uma atitude como esta de censurar um governo ou tal é compatível
com o diálogo que prepara com os partidos que o apoiam e com as
razões que outros possam ter? Sobretudo, quando tal pode ter
repercussões muito desfavoráveis entre os que precisamos que nos
apoiem, não seria de mostrar maior sentido de responsabilidade?
Se
o PS diz que não dialoga com o Governo mas com partidos, uma
subtileza que nem consegue sê-lo porque são partidos que sustentam
os governos, o que desejará negociar com o PSD e com o CDS? Será
que tenta convencê-los a apoiar, também, a tal moção de censura
que, a não ser assim, nunca irá vencer e dará mais força ao
governo que deseja apear?
Por
outro lado, não estou a ver o PSD e o CDS a aceitar as políticas de
contas de mercearia, do tira dali e põe aqui, que Seguro tem
apresentado, apesar de haverem reconhecido a necessidade de uma
inflexão que alivie a situação de austeridade que foi longe
demais.
Haverá
alguma sinceridade em tudo isto?
É-me
bastante difícil compreender esta democracia que não privilegia o
diálogo como meio de esclarecimento e de entendimento, assim como me
é totalmente impossível aceitar que, em tempos tão difíceis e com
consequências que podem ser tão perigosas, se continue com
joguinhos políticos quando Portugal precisa, mesmo, da cooperação
de todos para viver melhor.
Por
isso, espero por que?
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