ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 15 de julho de 2013

À ESPERA DE NADA OU DE QUE?

Enquanto, pressionado pelo Presidente da República, o PS diz que vai dialogando com “todos” os partidos (em reuniões a três), Seguro afirma que o diálogo não alterará a decisão do PS, Zorrinho e outros bem conhecidos socialistas andam pelo país em campanha por eleições antecipadas (apesar das que Cavaco Silva já prometeu) e, toque de arte final, o PS vai votar favoravelmente a moção de censura dos Verdes.
Sendo as soluções que o PCP e o BE defendem como melhores para a crise financeira em Portugal completamente antagónicas das que o PS negociou com a Troika e a coligação PSD/CDS-PP têm tentado realizar, começo por não entender a posição negocial do PS com aqueles partidos, a menos que esteja disposto a adoptar a tese que eles propõem. Ou será que tal não passa de um compromisso do PS consigo próprio, tentando acalmar as suas constantes incertezas?
Depois, para que deseja o PS dialogar com PSD e CDS cujo governo está em plenas funções, se afirma ir votar favoravelmente a moção de censura dos Verdes? Será que serão iguais às razões dos Verdes aquelas que o PS tem para censurar o Governo, ou será, apenas, uma oportunidade que aproveita, assim como quem vai de boleia?
Não terá de haver razões claras e oportunidades justificadas para tomar uma atitude como esta de censurar um governo ou tal é compatível com o diálogo que prepara com os partidos que o apoiam e com as razões que outros possam ter? Sobretudo, quando tal pode ter repercussões muito desfavoráveis entre os que precisamos que nos apoiem, não seria de mostrar maior sentido de responsabilidade?
Se o PS diz que não dialoga com o Governo mas com partidos, uma subtileza que nem consegue sê-lo porque são partidos que sustentam os governos, o que desejará negociar com o PSD e com o CDS? Será que tenta convencê-los a apoiar, também, a tal moção de censura que, a não ser assim, nunca irá vencer e dará mais força ao governo que deseja apear?
Por outro lado, não estou a ver o PSD e o CDS a aceitar as políticas de contas de mercearia, do tira dali e põe aqui, que Seguro tem apresentado, apesar de haverem reconhecido a necessidade de uma inflexão que alivie a situação de austeridade que foi longe demais.
Haverá alguma sinceridade em tudo isto?
É-me bastante difícil compreender esta democracia que não privilegia o diálogo como meio de esclarecimento e de entendimento, assim como me é totalmente impossível aceitar que, em tempos tão difíceis e com consequências que podem ser tão perigosas, se continue com joguinhos políticos quando Portugal precisa, mesmo, da cooperação de todos para viver melhor.
Por isso, espero por que?

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