No confronto permanente que é, em vez da cooperação que deveria ser, é
inevitável, na política, falar de vencedores e de perdedores como se de um
combate de boxe se tratasse. E talvez se trate ou a política seja, apenas, tão
ridícula como o boxe em que desfazer a cara e o cérebro do outro é o objectivo
a alcançar.
Marques Mendes, nos seus
comentários na SIC, afirmou que, desta vez, as coisas não correram nada bem a
Paulo Portas, que Passos Coelho se saiu bem nesta situação mas que o vencedor,
sem nada fazer, foi Seguro!
Parecem redutoras estas
apreciações porque, certamente, há muito mais para considerar ou modos
diferentes e mais amplos de olhar para as coisas neste episódio rocambolesco da
política portuguesa.
Habituados, como estamos,
a olhar apenas para o nosso umbigo, julgamos que tudo se reduz a este torrãozinho
amado onde podemos viver sem que o que se passa fora dele nisso tenha algum
efeito. E, nestas circunstâncias, ignoramos tudo o resto, até mesmo o facto de
estarmos coarctados na nossa capacidade de iniciativa e, até de decisão, quando
se trata de governar este país já de si difícil de governar.
Não fomos inteligentes nas
decisões que tomámos, fomos brandos a evitar a corrupção e a incompetência em
lugares de responsabilidade e decisivos para o futuro do país, deixámos que,
nas nossas barbas, se cometessem autênticos assaltos, deixámos que um
Primeiro-Ministro megalómano nos enchesse de caríssimas auto estradas que agora
estão às moscas enquanto das nossas verdadeiras necessidades não cuidou! E como se tudo isto não bastasse, fizemos da Função Pública
quase um asilo onde acomodámos os excedentes que a actividade privada ia
dispensando, numa política de emprego generosa nos salários e noutras benesses,
criando um monstro que, agora, há que emagrecer! Mas fomos uns grandes socialistas!
Por sua vez, a nossa
Constituição consagra direitos que todos exigem usufruir mas ninguém quer pagar
e a democracia a que nos habituámos acaba num conjunto de regras anquilosadas
que não consideram as mudanças que, inevitavelmente, o tempo trás consigo. Como
podemos pensar agora tal como se pensava há mais de um século? Como se pode
pensar que ela tem todas as soluções que sem conhecimento da realidade se não
podem alcançar? É de menos pensar assim!
Enfim, deixámo-nos chegar
a uma situação muito delicada, no meio de um mundo que também ainda não se deu
conta dos caminhos perigosos que trilha com uma economia dominada por leis e
esquemas que cada vez menos fazem sentido, senão para os que dela se servem, porque,
também ela, ignora o ambiente em que vive e lhe pode fornecer os recursos que
pode utilizar!
Por tudo isto eu direi
que, sejam quais forem as reviravoltas que estes políticos façam acontecer, por
ambição de poder ou por birra, o perdedor é sempre o mesmo, a sociedade que
dizem governar mas que apenas lhes serve de motivo para as brincadeiras que
fazem!
E vai o Arménio com os amigos para a porta de Belém para dar mais um empurrão e o Governo ir ao chão. Que ridículo!
Sem comentários:
Enviar um comentário