ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 16 de julho de 2013

LIMITES

Habituado ao rigor das ciências da Natureza que fazem parte do meu saber, tenho dificuldade em aceitar certas demonstrações que em outras ciências se fazem.
Por exemplo, à demonstração, feita por um economista de nome Kalecki, de que “o lucro tende a ser igual ao investimento mais o défice público”, o que é dizer igual ao acréscimo de capital injectado na economia, parece-me faltar uma condição que é a existência de outros factores, para além do capital, indispensáveis à reproductividade do capital injectado.
Talvez por isso, a notícia de tal demonstração acrescenta “mas a decisão de investir é resultante das expectativas dos empresários sobre a manutenção da continuidade do sistema actual”.
Duvido que os empresários, pelo menos a maioria, tome as suas decisões baseada em argumentos científicos. Mas não deixarão de se aperceber de que algo condiciona os resultados das suas decisões, para além da sua capacidade de investir e de fazer.
Como vão longe os tempos em que miséria e poluição eram alternativas e como se aproxima o tempo de ambas coincidirem.
Todos nos damos conta das circunstâncias terríveis que resultam dos descuidos em relação ao Ambiente indispensável à vida, as quais, contudo, não nos levam a prestar a atenção devida aos constantes e cada vez mais fortes alertas que a Natureza nos faz.
Mas voltando ao tema inicial, a demonstração sobre o “lucro” feita por Kalecki, fácil será descortinar, por ela, a razão pela qual a governação de Sócrates pareceu bem sucedida até que aconteceu o descalabro financeiro que nos conduziu à situação de aperto intenso em que nos encontramos.
Afinal não era verdade a convicção de as dívidas dos países não serem para pagar! Os “mercados” no-lo fizeram sentir através dos juros incomportáveis para os empréstimos que nos faziam.
O acréscimo constante da dívida pública, naturalmente resultante dos défices anuais sucessivos que “injectaram” capital na economia, porque as demais formas de injecção eram reduzidas, haveria de ter um limite, aquele que tornou os nossos recursos insuficientes para respeitar os compromissos que a dívida acarreta, aquele que levou os prestamistas a por em causa a nossa capacidade de solver.
Tudo o que nos sucede agora, incluindo o descontrolo político, é um corolário lógico da insuficiência dos parâmetros considerados nas demonstrações, por mais que se insista nos esforços de fazer o tempo voltar para trás ou na convicção de que, como aconteceu no passado, sempre haverá soluções para os nossos erros.
Uma coisa eu sei, as soluções de que temos urgente necessidade não resultarão deste palavreado grotesco a que a nossa classe política se dedicou, porque apenas poderão resultar de actos de inteligência a que não parece gostar de dedicar-se!

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