ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 31 de julho de 2013

O SUPER MINISTÉRIO DE MOREIRA DA SILVA

Quando esta “nova economia” se instalou, logo os problemas graves de degradação ambiental começaram.
Era por demais evidente como os resíduos das indústrias que cresciam a olhos vistos conspurcavam tudo por toda a parte. Nos rios, onde eram lançados os esgotos sem qualquer tratamento e nos campos, onde se empilhavam, ao ar livre, os resíduos sólidos, a poluição tomava proporções excessivas que, ao fim de algum tempo, deu lugar a reclamações que foram crescendo.
Os maiores centros urbano-industriais cresceram, alguns alcançando proporções gigantescas, como era o caso de Londres e de outras cidades na Grâ-Bretanha, onde a “revolução industrial” teve o seu início.
Em Londres, o maior agregado populacional do mundo já com muitos milhões de habitante, os problemas sanitários, visíveis nas ruas da cidade transformadas em autênticas cloacas, constituiam enorme risco para a saúde dos seus habitantes. As águas do Rio Tamisa rapidamente expulsaram os peixes que nelas viviam porque se tornaram quase opacas e sem oxigénio, enquanto as chaminés lançavam na atmosfera os abundantes fumos que os processos industriais produziam, sobretudo resultantes da queima intensiva de carvão.
Misturados com a humidade atmosférica, muito elevada em certas épocas do ano, os fumos geraram um fenómeno novo, o “smog” (contracção de SMoke e fOG), uma mistura de fumo e nevoeiro que causava gravíssimos problemas respiratórios e, por isso, afastava os forasteiros da cidade. Ainda me lembro do incómodo que causava e de como era desagradável de respirar.
Tão grave se tornou a situação que o lema “poluição ou miséria” de que os políticos fizeram a bandeira do crecimento económico, não conseguiu continuar a ser a alternativa que sustentava o “progresso”, porque era um atentado grosseiro e desumano à vida dos habitantes da cidade!
Tenho a certeza de que pouca gente já saberá deste problema que obrigou o governo inglês a tomar medidas muito severas para reverter a situação e hoje nem sequer já existem por lá as índústrias que o “mundo desenvolvido” foi exportando para países do Terceiro Mundo que, em troca do “progresso” que lhe traziam, as aceitavam, agradecidos.
Era uma forma de resolver problemas a sua transferência para outros lados, como continua a ser com os chamados resíduos perigosos e com profundas degradações ambientais que transformam extensas áreas, outrora calmas e belas, em verdadeiros infernos, como a exploração de petróleo fez na Nigéria, como o abate intensivo de árvores faz às florestas húmidas e a subida da temperatura faz em tantos lugares da terra!
Foram os governos adoptando alguns procedimentos que disfarçavam, como podiam, estas situações, iludindo os povos mas não lhes poupando a saúde, sobretudo por acção de movimentos ecologistas cuja força foi crescendo ao ponto de se tornarem “forças políticas” que acabaram por se infiltrar nos parlamentos.
Eram “os verdes”, para quem a desfesa do ambiente era sagrada.
Mas, acomodados, uns quase já despareceram e outros mantêem-se quais lapas agarradas a outras forças que deles se servem, tornando-se partidos parasitas e sem um programa de luta contra as agressões ambientais que, pelos vistos, passaram a ignorar.
Mas a degradação ambiental foi tomando aspectos cada vez mais originais e sofisticados, dela resultando problemas novos que ningúem parece valorozar ou talvez ignorem apenas porque são causados por uma economia defendida ao transe, mesmo sabendo-se que está a matar o ambiente e a criar sérios problemas de saúde.
E o falso dilema que “os verdes” deveriam denunciar e fazer a base da sua luta pelo futuro da Humanidade, ameaçada por problemas ambientais que terão mudado um pouco de aspecto, mas se continuam em formas mais discretas mas igualmente ou, mesmo até, cada vez mais perigosas, continua.
No governo remodelado de Passos Coelho há, agora, um Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e da Energia.
Se a ideia era acabar com os ingeríveis super ministérios, que haveremos de dizer deste que abarca três domínios da maior importância, cada qual um mundo em que por ordem e tomar decisões muito sérias é indispensável para um futuro melhor?
E "os Verdes", lá continuam na AR como bengala do PCP, sem que sejam capazes de enfrentar um problema demasiadamente sério para tratar em discursos esganiçados ou desdenhar com sorrisos cínicos.

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