ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 17 de julho de 2013

A VELHA QUESTÃO DO ENSINO MODERNO

Já se tornou um hábito esta notícia das más notas nas disciplinas de português e de matemática no final de cada ano lectivo. E lá, volta o mesmo problema de tentar explicar o porque de tal fenómeno que parece piorar a cada ano que passa!
Aqui e ali, aparecem uns “sábios” dizendo umas loas com que tentam explicar este fenómeno que parece ser de “burrice” generalizada. Mas não pode ser.
Já custa ouvir o que dizem, não só porque não explicam nada como, ainda mais, tratam um assunto social básico e fundamental, o da educação, como um fenómeno político qualquer em que o palavrório oco impera, escondendo incapacidades e interesses instalados, em vez de, na linguagem simples que se imporia em casos tais, dizerem que o ensino nada tem beneficiado com estes novos modos de fazer que se alteram todos os anos, com as complicações introduzidas em matérias cuja essência se não alterou, com os métodos de exames que sempre deixam muitas dúvidas.
Pelo que tenho visto, o sector que se diz da educação, de “educação” pouco ou nada tem.
Onde estão aqueles métodos simples e claros de ensinar de que eu beneficiei na “instrução primária” e no “liceu” que foram iguais e deram bons frutos ao longo de tanto tempo?
Por onde anda o respeito que o professor inspirava aos seus alunos?
Que será feito daqueles livros que não mudavam durante tantos anos, como aqueles que me serviram a mim e ainda vi nas mãos dos meus filhos?
Já nos meus netos, que são onze, não vejo forma de um livro usado por um poder servir para outro. Mas comparo-os e nada concluo sobre a razão por que têm de mudar. E quando olho para aqueles palavrões que substituiram as designações mais simples que me foram ensinadas e para o modo de ensinar “cientificamente determinado” que complica as coisas, não vejo o que terão eles acrescentado à arte de ensinar a língua materna, por exemplo, se os resultados são os que as péssimas notas evidenciam e a minha experiência como professor universitário me revelou na dificuldade de expressão escrita e oral de muitos dos meus alunos que, também, me surpreendiam com uma profunda ignorância em coisas de geografia e de ciências da Natureza, por exemplo, já para não falar no quase total desconhecimento da tabuada que lhes não permitia a avaliação expedita de que um profissional deve ser capaz!
E, salvo algumas poucas excepções, o nível cultural que, na minha opinião a escola também deveria garantir, era tão baixo que, muitas vezes, só poderia considerar nulo!
Pelo menos, era assim até há alguns anos quando deixei a actividade. Mas, muito provavelmente, não estará melhor.
É o que sucede quando, em vez da simplicidade a que o saber sempre conduz, se opta pela complicação que sempre revela ignorância.
Não seria de tentar explicar as coisas de outro modo, em vez de mudar coisas a meio do ano e fazer do ensino um negócio de que lobis se apoderaram e, por ser assim, fazem cada vez mais caro o que deveria ser “tendencialmente gratuito”?
Procurem-se as razões de tudo isto nos professores, nos que ensinam e nos que, a "investigar" os métodos de ensinar, complicam, avaliando-os como devem ser avaliados, pelos resultados do seu trabalho e não do modo como há tanto tempo se discute para não o serem.
Como poderá ser considerado positivo o trabalho desenvolvido por quem tem por missão ensinar, se a maioria dos seus alunos tem avaliações negativas? Nem entendo como houve tão brilhantes escritores da língua portuguesa antes de aparecerem estes sábios a ensiná-la!
Quanto à matemática a questão é outra... a de saber o que é, realmente, a matemática, as expressões, os procedimentos e os algoritmos que ela ensina.

2 comentários:

  1. Boa tarde,

    Cheguei aqui pela via da minha zanga com aqueles que escrevem agora um Português estranho... E devo cumprimentá-lo pelas sua crónicas sempre pertinentes e cheias de saber... Mas eis que deparo, acima, com "... salvo algumas poucas exceções..." e não podia deixar de assinalar o aleijão nas excepções. Creio ter sido apenas um lapso da sua parte, pelo que continuarei a ser um visitante.

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  2. Este word tem o mau hábito de fazer "correcções" automáticas das quais, por vezes, não dou conta. Já corrigi! Muito obrigado pela chamada de atenção.

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