Não me espanta, antes me
faz rir pela idiotice que é, esta querela da espionagem internacional que um
ex-espião americano, num assomo de “boa consciência”, decidiu levantar. Não sei
se o rapaz acredita que apenas os Estados Unidos espiam os outros ou se pensa,
na sua ingenuidade, que a espionagem começou agora.
Todos espiam todos na
medida em que tenham meios para o fazer. O resto são tretas.
Obviamente, a espionagem
não se faz hoje como antes se fazia quando era sempre necessário deitar a mão a
papeis, reproduzir o que se via ou escutava directamente, eu sei lá! Hoje é no
“éter” que quase tudo é interceptado, devendo, por isso, cada um ter cuidado
com o que para lá envia porque, está visto, não há “firewall” que resista.
Mas o que mais me faz
pensar é a hipocrisia mal disfarçada dos que se dizem vítimas de algo que fazem
também ou, se não fazem porque não conseguem, gostariam de fazer. Talvez muitos
tenham ficado admirados com a dimensão em que os Estados Unidos o fazem ou
Snowden afirma que fazem. Ou talvez não…
É chato, é desagradável
saber que pode haver alguém que acede ao que críamos ser só nosso, fique a
saber as palavras que usamos para manifestar os nossos sentimentos ou que, ao
ver a nossa fotografia, façam comentários que não gostaríamos que fizessem. Mas
será isso que os espiões de uns ou de outros andarão a fazer? Será nestas
vidinhas vulgares que são as de cada um de nós que que se centram as atenções
de quem espia a nível mundial? Penso que não, porque não vale a pena. Portanto,
esta questão da espionagem é um assunto para “crescidos” como sempre foi e
sempre será.
Não se diz que é na “informação”
que está o maior poder? Então… espia-se!
Seja como for, nesta
“aldeia global” em que o mundo se tornou, onde todos espreitam pelos buracos
das fechaduras, pelas janelas ou escutam através dos tabiques, não valem
a pena estas cenas de arrependidos e de “virgens ofendidas”, porque todos se
conhecem bem demais para ficarem admirados com o que cada um faça.
E como sempre, arranjar um
inimigo exterior enfraquece os inimigos da casa.
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