Quando
as coisas não acontecem como querem, os putos reguilas fazem birras.
E, depois de partirem o brinquedo, ficam chorosos e sentam-se a
tentar consertá-lo. Mas, seja como for, fica sempre a questão de
quem foi a culpa e, no brinquedo, jamais deixarão de ser visíveis
os remendos que tiveram de ser feitos.
Por
sua vez, os crescidos inteligentes resolvem os seus problemas
conversando, negociando. Antecipam as divergências para evitar que
cheguem a um ponto difícil de sanar. Não fazem cenas preocupantes
porque sempre há a probabilidade de alguém se magoar.
O
que se passou na política portuguesa nestes dois últimos dias
marcou bem a diferença entre estes dois modos de proceder. Por isso,
não podemos evitar de reconhecer que tem sido um governo de “putos
reguilas” o que tem tido a responsabilidade de nos tirar deste
buraco que parece ficar cada vez mais negro. Foi mais uma daquelas ideias de que o destino do mundo pertence à juventude que deram erradas por não terem em conta a sabedoria acumulada dos mais velhos...
O
ministro das finanças resolveu abandonar o Governo reconhecendo
erros que praticou e, segundo ele, minaram a confiança que o povo
deve ter em quem o governe. E tem toda a razão. Mas isso tornou-se
óbvio há muito tempo, quando tardou a “arrumação da casa” que esperou tempo
demais para fazer. Deixou demasiado lixo debaixo dos tapetes e muito
descuidados aqueles recantos da casa menos visíveis, enquanto exigia
esforços demasiados para que o hall e a sala parecessem uns
brinquinhos! Para Europa ver. E não entendo como alguém inteligente
pode levar tanto tempo a reconhecer um erro tão óbvio...
Portas,
alguém que circunstâncias passadas não permitem considerar um
pilar seguro seja de qual estrutura for, seguiu-lhe o caminho de
perto. Diz-se que por discordar da nomeação de quem substiui
Gaspar, mesmo depois de ter concordado com a nomeação de alguém do
seu partido na remodelação que foi feita! Mais tarde, alguém, por
ele, acrescentaria que estava farto de que o Primeiro-Ministro não
tivesse em consideração os seus pontos de vista e as suas razões. Também ele levou tempo demais a manifestar a sua discordância.
Logo
me lembrei daquela vez em que, na Assembleia da República, Passos
respondeu a uma pergunta que lhe foi feita sobre hierarquias no
governo, sobre o que, sem hesitação, considerou Gaspar o número
dois. Penso que todos teremos ficado surpreendidos pela falta de habilidade política do Primeiro-Ministro...
Tornou-se
evidente a secundarização de Portas que, naturalmente, não podia
deixar de sentir o incómodo que tal afirmação não deixaria de
lhe causar.
Por
isso, as histórias das demissões de Gaspar e de Portas, terão
aspectos essenciais que se não contam, que os sábios analistas não
abordam mas que, como sempre acontece, constituem as verdadeiras
causas para tudo o que sucedeu. Problemas de gente crescida que birras de miúdos não souberam resolver.
Gaspar
foi o estratega que errou, Passos Coelho foi quem, sem ideias
próprias mas com poder, lhe deu a força para errar e Portas resolveu, com mais
uma atitude que o desqualifica, uma questão que não conseguiu evitar com argumentos sérios e óbvios, em sede própria e no momento certo, conversando com o Primeiro-Ministro a
quem, firmemente, deveria ter imposto as suas condições nos
momentos oportunos!
Enfim,
birras de miudos que sempre acabam por estragar o brinquedo! O pior é que o brinquedo somos nós a quem a birra causou lesões graves.
Sem comentários:
Enviar um comentário