ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 4 de julho de 2013

MENINOS BIRRENTOS

Quando as coisas não acontecem como querem, os putos reguilas fazem birras. E, depois de partirem o brinquedo, ficam chorosos e sentam-se a tentar consertá-lo. Mas, seja como for, fica sempre a questão de quem foi a culpa e, no brinquedo, jamais deixarão de ser visíveis os remendos que tiveram de ser feitos.
Por sua vez, os crescidos inteligentes resolvem os seus problemas conversando, negociando. Antecipam as divergências para evitar que cheguem a um ponto difícil de sanar. Não fazem cenas preocupantes porque sempre há a probabilidade de alguém se magoar.
O que se passou na política portuguesa nestes dois últimos dias marcou bem a diferença entre estes dois modos de proceder. Por isso, não podemos evitar de reconhecer que tem sido um governo de “putos reguilas” o que tem tido a responsabilidade de nos tirar deste buraco que parece ficar cada vez mais negro. Foi mais uma daquelas ideias de que o destino do mundo pertence à juventude que deram erradas por não terem em conta a sabedoria acumulada dos mais velhos...
O ministro das finanças resolveu abandonar o Governo reconhecendo erros que praticou e, segundo ele, minaram a confiança que o povo deve ter em quem o governe. E tem toda a razão. Mas isso tornou-se óbvio há muito tempo, quando tardou a “arrumação da casa” que esperou tempo demais para fazer. Deixou demasiado lixo debaixo dos tapetes e muito descuidados aqueles recantos da casa menos visíveis, enquanto exigia esforços demasiados para que o hall e a sala parecessem uns brinquinhos! Para Europa ver. E não entendo como alguém inteligente pode levar tanto tempo a reconhecer um erro tão óbvio...
Portas, alguém que circunstâncias passadas não permitem considerar um pilar seguro seja de qual estrutura for, seguiu-lhe o caminho de perto. Diz-se que por discordar da nomeação de quem substiui Gaspar, mesmo depois de ter concordado com a nomeação de alguém do seu partido na remodelação que foi feita! Mais tarde, alguém, por ele, acrescentaria que estava farto de que o Primeiro-Ministro não tivesse em consideração os seus pontos de vista e as suas razões. Também ele levou tempo demais a manifestar a sua discordância.
Logo me lembrei daquela vez em que, na Assembleia da República, Passos respondeu a uma pergunta que lhe foi feita sobre hierarquias no governo, sobre o que, sem hesitação, considerou Gaspar o número dois. Penso que todos teremos ficado surpreendidos pela falta de habilidade política do Primeiro-Ministro...
Tornou-se evidente a secundarização de Portas que, naturalmente, não podia deixar de sentir o incómodo que tal afirmação não deixaria de lhe causar.
Por isso, as histórias das demissões de Gaspar e de Portas, terão aspectos essenciais que se não contam, que os sábios analistas não abordam mas que, como sempre acontece, constituem as verdadeiras causas para tudo o que sucedeu. Problemas de gente crescida que birras de miúdos não souberam resolver.
Gaspar foi o estratega que errou, Passos Coelho foi quem, sem ideias próprias mas com poder, lhe deu a força para errar e Portas resolveu, com mais uma atitude que o desqualifica, uma questão que não conseguiu evitar com argumentos sérios e óbvios, em sede própria e no momento certo, conversando com o Primeiro-Ministro a quem, firmemente, deveria ter imposto as suas condições nos momentos oportunos!
Enfim, birras de miudos que sempre acabam por estragar o brinquedo! O pior é que o brinquedo somos nós a quem a birra causou lesões graves.

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