Pensando nas consequências
de uma crise ainda maior e até, talvez, nas ainda mais graves consequências das
tentativas de uma política de “regresso ao passado” que a realidade não consente,
Cavaco Silva não terá muitas dúvidas em aceitar a solução proposta por Passos
Coelho, ainda que, sem dúvida, deixando clara uma lista de exigências que o “novo”
governo terá de cumprir com rigor.
É certo que o Governo está
enredado numa plêiade de contradições que lhe tornam mais difícil a não fácil tarefa de governar, com excesso de poderes exteriores a si próprio como a
Troika e, também, uma série de leis, entre as quais a Constituição, instituições
e tradições que, em tempo de emergência, são o contrário do tão reconhecido
princípio de que “em tempo de guerra não se limpam armas”.
Certo é que a decisão de
Cavaco Silva não amenizará esta situação se, como magistrado supremo da Nação,
não tomar uma posição forte, dura até, para, a par de um responsabilização extraordinária
do Governo, responsabilizar também todo o Estado, toda a sociedade e todas as
suas instituições pela governabilidade do país.
Talvez a demissão de
Gaspar consinta um certo alívio, permitindo uma menor subserviência às
imposições que nos sufocam se a nova ministro das finanças não for o seu “alter
ego” junto do ministro das finanças alemão e lhe mostrar como é desumano
massacrar um povo com condições impossíveis de cumprir, exigindo, finalmente,
uma razoável reestruturação da dívida cujo pagamento não recusamos.
Por vezes há males que vêm
por bem e, quem sabe, não será este um daqueles que poderá espevitar o governo
e os governados que têm de definir melhor as suas exigências, substituindo manifestações
simplesmente ruidosas por reivindicações esclarecidas na realidade e
fortalecidas na razão.
Sem comentários:
Enviar um comentário