Na
conferência de abertura do 10.º Literatura em Viagem (LeV), no salão nobre da
Câmara Municipal de Matosinhos, Pacheco Pereira abordou, entre outros temas, a
questão da linguagem 'orwelliana' (decerto leu “O triunfo dos porcos de George
Orwell) para lembrar que "quem controla a linguagem controla o
poder".
Por
isso afirmou, diz a notícia que li, que “a ideia de “ajustamento” tem um lado
filosófico subjacente de uma perspectiva “orwelliana” que pretende dizer que é
possível voltar a um estado natural da economia que é a pobreza”!
É
possível, digo eu que não sou historiador, não tenho 5 km de biblioteca e sinto
mais o gosto de olhar para a frente tentando descobrir aonde o passado que
vivemos nos poderá conduzir, não apenas pela linguagem que, naturalmente, deve
ser adaptada às circunstâncias para que faça sentido, mas por uma realidade
natural que temos tentado controlar sem, contudo, alguma vez a conseguirmos dominar.
É
certo que passo mais tempo a pensar do que a ler que é mais fácil desde que, na
escola, me ensinaram como se fazia.
A pensar é que nunca alguém me ensinou.
A pensar é que nunca alguém me ensinou.
Não
desdenho a importância do que se aprende quando se lê, desde que não esqueçamos
de que é passado que o futuro não repete. Mas, sobretudo, realço o que somos
obrigados a pensar quando lemos ou ouvimos, se é que lhe prestámos uma
verdadeira atenção.
Retive
desta conferência de Pacheco Pereira a ideia de “ajustamento” que,
pretende o historiador, será um modo de dizer que é possível voltar a um estado
natural da economia que é a “pobreza”.
Quanto
ao “ajustamento” que Pacheco Pereira toma por uma novidade “orwelliana” de
domínio do poder pela linguagem, porventura substituindo a “austeridade”, creio
que o historiador não encontrou nos seus livros nada que lhe dê uma ideia,
pálida que seja, de como ele se tornou necessário depois das tropelias que o “crescimento
económico” fez, tentando alterar a Natureza cujas mudanças, historicamente
lentas, acelerou ao ponto de o Homem se não entender mais com as alterações
bruscas que provocou.
Diz
Pacheco Pereira que o “ajustamento” será o regresso à economia natural que é
pobreza!
Eu
não diria isso do “ajustamento” que as circunstâncias nos impõem depois de
termos tentado dar um passo bem maior do que a perna que temos.
Diria
que é uma imposição da própria Natureza de que somos uma ínfima parte e que
jamais dominaremos pelos pecados que, contra ela, sem pudor temos cometido.
A
sua “revolta” está aí para nos dizer como são as coisas e qual é o caminho que
apenas será de pobreza se a inteligência nos continuar a faltar ou, o que é o
mesmo, a estupidez nos continuar a conduzir para uma luta que jamais
venceremos.
Mas
creio que estará para breve a maior descoberta de todos os tempos, a de que é
de todos o barco em que viajamos e, por isso, convém não o afundar na tempestade que criamos e na qual nem o mais hábil nadador se salvará.
É
por isso que se torna indispensável “ajustar” o nosso modo de viver ao que o
barco pode aguentar.
Faltou
falar da pobreza, do que, de facto, ela é. Mas já vai longo o escrito. Ficará
para outra vez.
Mas
adianto, desde já, que o empobrecimento não é, necessariamente, o destino porque tenho a esperança de um dia entenderemos o que é o socialismo, a fraternidade.
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