ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 31 de maio de 2016

A DESGRAÇA A CURTO PRAZO?



O modo mais fácil de desculpabilização é, naturalmente, culpar os outros, tal como a desvalorização dos outros é o único modo que muitos encontram para realçar os seus fracos préstimos.
É assim na vida comum mas é, sobretudo, assim que na política se travam as batalhas pelo poder, das quais não vejo outras consequências que não sejam o faz e desfaz a que a alternância dá lugar.
Vi nascer a democracia em Portugal, senti a esperança da força que a liberdade dá aos homens de verdade. Mas depressa passei a sofrer as desilusões dos maus tratos que lhe deram, das picardias que fizeram, do modo como dela se aproveitaram.
É em tricas entre politiqueiros que se perde o tempo que, assim, não sobra para procurar, para os problemas cada vez mais sérios que a Humanidade enfrenta, as soluções que requerem, porque a diferença entre uns e outros está em tudo e em nada, sendo o fazer diferente do seu antecessor a maior proeza do que chega e depois fará o que aquele que se lhe seguir também desfará depois!
Já lá vai o tempo em que este jogo do faz e desfaz parecia não causar grandes mossas, tal era o muito que se tinha para o poder deitar fora sem o aproveitar.
Foi outro “fartar vilanagem” que a História juntará ao que Álvaro Vaz de Almada, conde de Avranches, gritou na Batalha de Alfarrobeira!
Mudaram os tempos e, sem grande admiração, assistimos àquilo para que já fôramos avisados, que os recursos do planeta não são infinitos e que o frágil Ambiente indispensável à vida requer cuidados que o persistente princípio “poluição ou miséria” lhe não presta.
Tomei ontem conhecimento (até transcrevi a notícia) das previsões do Fórum de Davos que divulgou os dados de um estudo realizado com a fundação da navegadora Ellen MacArthur e a consultoria McKinsey sobre a quantidade de plástico acumulada nos oceanos que compara, em peso, com a quantidade de peixes neles existentes.
A proporção entre toneladas de plástico e de peixes era de uma para cinco em 2014, prevê-se que seja de uma para três em 2025 e que a quantidade de plásticos exceda a de peixes já em 2050!
Em primeiro lugar, teremos de reparar de que não falamos de um futuro distante porque são pouco mais de 30, hoje menos de meia vida, os anos que nos separam daquele horizonte fatídico que, entre outros efeitos, já vai tornando o peixe incomestível.
E se às consequências deste “pormenor”, ao qual jamais ouvi qualquer político referir-se como parâmetro importante no difícil sistema de equações que tem para resolver, juntarmos as de outros tão ou mais graves do que as daquele, como são as das alterações climáticas que os políticos fingem querer resolver em conferências de faz-de-conta que duram há mais de sessenta anos, eu pergunto-me o que esperarão estes oportunismos cujo plano de acção não vai além de quatro anos, depois dos quais uns querem conservar o poder e outros conquistá-lo, com as mentiras que, para tal, forem necessárias, sem cuidarem das propostas de solução para os problemas gravíssimos que o bem-estar de todos, a já muito curto prazo, requer.
Será que a brincadeira vai continuar até que remédio já não haja?


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