ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 7 de junho de 2016

A DEMOCRACIA MATEMÁTICA



Bem conhecidas que são as diferenças entre os diversos componentes do “acordo parlamentar” que governa Portugal, não é fácil acreditar que eles funcionem em plena sintonia num projecto comum.
Comecei por não acreditar que acontecesse mas, na realidade, aconteceu o que a “maioria matemática” que derrotou a anterior maioria permitiu que acontecesse.
Depois, pensei como Costa, o derrotado nas eleições, formaria um governo funcional com PCP, BE e sei lá mais quem a tomarem conta não sei de que pastas. Pareciam-me muitos galos na mesma capoeira e todos sabemos que, quando tal acontece, o ambiente não fica calmo e a guerra acontece até que apenas um galo seja o único dono da galinhas.
Por isso, a solução lógica seria a que foi adoptada: há um que governa como os outros lhe consentirem.
No começo haverá hesitações que o desejo de não estragar logo a “geringonça” leva a ultrapassar. Em seguida, percorrer-se-á um caminho cada vez menos fácil de conquistas com as quais cada um possa demonstrar aos seus adeptos a  força que tem e proporcionar aos seus apaniguados as vantagens que esperam.
Não vale a pena desvalorizar que seja assim porque a “democracia matemática” é isto mesmo.
Percebe-se, por vezes, a agitação que vai nas hostes pelos avanços e recuos em certas decisões ou até, simplesmente, em coisas que se dizem e desdizem para, depois, voltar a dizer de um modo por todos melhor consentido.
Até podem nem me parecer mal os acertos que acontecem. Posso, mesmo, aceitar que seja assim, de tentativa em tentativa, com desencontros que obrigam a negociar e, sobretudo, a pensar mais para que as soluções mais adequadas sejam alcançadas.
Mas sempre me dá a sensação de ter ficado qualquer coisa em suspenso, da espera de melhor oportunidade para fazer sei lá o que, de sempre qualquer coisa ficar mal resolvida, deixando a “pedra” num sapato qualquer.
Também o passado de desencontros me não consente grandes esperanças de que as coisas se equilibrem até ao entendimento necessário a um governo de facto que, com um projecto claro e bem definido, possa ser forte e decidido nas atitudes que toma, sem receio de sarilhos que lhe cortem o caminho.
Apenas continuo a ver como denominador comum, a vontade de impor a chamada “esquerda” àquela “direita” que acusam de ter posto Portugal na miséria por uma “austeridade” que dizem não ter sido necessária.
Uma razão demasiadamente fraca para se manter, por muito tempo, um caminho demasiadamente acidentado para se trilhar sem acidentes de percurso causados pelas disputas que, necessariamente, terão de acontecer, pois não vão poder ganhar todos.
E todos sabem que quem não ganhar… acaba morto!
E será assim até que novas razões apareçam para nos obrigar a pensar numa “espécie” em risco de extinção…

Sem comentários:

Enviar um comentário