Bem
conhecidas que são as diferenças entre os diversos componentes do “acordo
parlamentar” que governa Portugal, não é fácil acreditar que eles funcionem em
plena sintonia num projecto comum.
Comecei
por não acreditar que acontecesse mas, na realidade, aconteceu o que a “maioria
matemática” que derrotou a anterior maioria permitiu que acontecesse.
Depois,
pensei como Costa, o derrotado nas eleições, formaria um governo funcional com
PCP, BE e sei lá mais quem a tomarem conta não sei de que pastas. Pareciam-me
muitos galos na mesma capoeira e todos sabemos que, quando tal acontece, o
ambiente não fica calmo e a guerra acontece até que apenas um galo seja o único dono
da galinhas.
Por
isso, a solução lógica seria a que foi adoptada: há um que governa como os
outros lhe consentirem.
No
começo haverá hesitações que o desejo de não estragar logo a “geringonça” leva
a ultrapassar. Em seguida, percorrer-se-á um caminho cada vez menos fácil de
conquistas com as quais cada um possa demonstrar aos seus adeptos a força que tem e
proporcionar aos seus apaniguados as vantagens que esperam.
Não
vale a pena desvalorizar que seja assim porque a “democracia matemática” é isto
mesmo.
Percebe-se,
por vezes, a agitação que vai nas hostes pelos avanços e recuos em certas
decisões ou até, simplesmente, em coisas que se dizem e desdizem para, depois,
voltar a dizer de um modo por todos melhor consentido.
Até
podem nem me parecer mal os acertos que acontecem. Posso, mesmo, aceitar que
seja assim, de tentativa em tentativa, com desencontros que obrigam a negociar
e, sobretudo, a pensar mais para que as soluções mais adequadas sejam
alcançadas.
Mas
sempre me dá a sensação de ter ficado qualquer coisa em suspenso, da espera de
melhor oportunidade para fazer sei lá o que, de sempre qualquer coisa ficar mal
resolvida, deixando a “pedra” num sapato qualquer.
Também
o passado de desencontros me não consente grandes esperanças de que as coisas
se equilibrem até ao entendimento necessário a um governo de facto que, com um
projecto claro e bem definido, possa ser forte e decidido nas atitudes que
toma, sem receio de sarilhos que lhe cortem o caminho.
Apenas
continuo a ver como denominador comum, a vontade de impor a chamada “esquerda”
àquela “direita” que acusam de ter posto Portugal na miséria por uma
“austeridade” que dizem não ter sido necessária.
Uma
razão demasiadamente fraca para se manter, por muito tempo, um caminho
demasiadamente acidentado para se trilhar sem acidentes de percurso causados
pelas disputas que, necessariamente, terão de acontecer, pois não vão poder
ganhar todos.
E
todos sabem que quem não ganhar… acaba morto!
E
será assim até que novas razões apareçam para nos obrigar a pensar numa
“espécie” em risco de extinção…
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