Quando
as críticas, a meu ver mais do que justas, chegam ao ponto de se dizer que a
União Europeia é “uma bicicleta sem ar
nos pneus”, uma imagem feliz da desgraça em que caiu, não me parece que
haja muito a esperar de uma “União” que nunca o foi de facto, pois nunca passou
de um acto de hipocrisia em que se finge participar no desenvolvimento comum mas o resultado é explorar
através de normas que, naturalmente, beneficiam os mais fortes.
Isso
se vê numa Europa onde os mais fortes prosperaram e os mais fracos não
medraram.
Alguém
acreditará que a Alemanha deseje uma Europa Unida que ela não comande?
Passa
pela cabeça de alguém que o Reino Unido se disponha a ser comandado por alguém
que o quis destruir?
Pode
acreditar-se no resultado de uma conjugação de forças que puxam cada qual para o seu lado?
Onde
está a confiança entre os membros desta união desunida?
A
União Europeia parece-me isso mesmo, um grupo de hipócritas que fingem estar
todos do mesmo lado, mas não estão porque cada um tem o seu projecto próprio de
tirar vantagem de estar com os outros, sem alguma vez pensar que só na
uniformização dos propósitos pode estar o sucesso.
Bruxelas,
feita capital da Europa, tornou-se, em vez do centro onde se uniriam esforços para
estabelecer e desenvolver políticas comuns, o ponto onde cada um defende os
seus interesses, o ponto onde cada um está para tentar resolver os seus problemas. É para isso que cada um vai a Bruxelas.
É,
pois, natural que a força de uma União Europeia sem políticas comuns, com um
presidente sem governo, sem um pensamento bem definido para o comportamento a
ter perante os enormes e crescentes problemas do Mundo, seja cada vez menor e
sem condições para trilhar o caminho do sucesso, o que se não faz andando na
tal bicicleta sem ar nos pneus, como disse o Presidente do parlamento Europeu,
mais uma voz desafinada entre tantas outras que se atropelam na barafunda em
que um projecto mal urdido se tornou. Como seria natural qua acontecesse.
E
que dizer das preocupações sérias do Primeiro Ministro britânico quanto à eventual
saída do Reino Unido da EU, o que pode suceder como resultado do referendo que
no próximo mês de Junho terá lugar?
O
que é a União Europeia, afinal? Uma fábrica de “normas” que cada país vai
integrando na sua legislação, quando e do modo que mais lhe convém?
Onde
está a verdadeira voz da Europa, na algazarra do Parlamento Europeu, nas
picuinhices de Bruxelas ou nas conversas privadas de Angela Merkel com
Hollande?
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