ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 6 de julho de 2016

A CULTURA DO PIRILAMPO



Eu creio que ninguém estará suficientemente informado para tomar as decisões mais adequadas para a sua vida e muito menos para prevenir as contingências com que o futuro o confrontará.
Como nenhum de nós tem acesso às pastas dos segredos que só os mandões podem consultar, a sabedoria ao nosso alcance provem de longos e enfastiantes discursos que certos doutores debitam em artigos de opinião e em “painéis” de sabedorias que me fazem lembrar os bruxos daqui e dali que adivinham o futuro que nunca acontece.
Mesmo assim, todos os ouvem, todos pagam para saber o que dizem, permitindo-lhes significativos retornos pelos quais ninguém reclama na hora em que se dá conta do embuste em que caiu.
De resto, nunca ninguém prometeu revelações nem se propôs ensinar o que não sabe. Preenchem-se aquelas horas de emissão para as quais não havia outro assunto e as áreas de papel que, sem estas coisas, teriam de ficar em branco.
O pior é a confusão em que nos deixam os opinadores que nunca estão de acordo.
Escolho um e faço dele o meu oráculo, esforço-me por encontrar alguma coerência nas divergências que têm ou nem quero saber do que digam e seja o que Deus quiser?
Depois do que tem acontecido nestes tempos do passado recente, nos quais vimos coisas que, há não muito tempo ainda, julgaríamos impossíveis de acontecer, não me parece que, agora, alguém se surpreenda por ver seja o que for do muito que ainda por aí virá.
Afinal toda uma vida escondida, disfarçada em aparências de competência que depois se viu não ser, em reconhecimentos de grandes feitos que, na realidade, o não foram.
Mas nada tem como voltar atrás. Continuam cavaleiros não sei de qual Ordem uns que nem de burro conseguem andar, aparecem prodígios, por vezes aos pares, cujos disparates parecem ser os profundos conhecimentos que ao mundo faltavam para se livrar de tanto problema que o afronta e sair do túnel em que há tanto tempo se perdeu.
Enfim, há sempre um pirilampo que passa e que, pela ténue luz que uma arte qualquer que possui faz brilhar, nos leva a crer estar o túnel a acabar e, de novo, veremos a luz do dia enevoado que, infelizmente, nos espera! Pobre esperança que por tão pouco tempo nos aqueceu a alma.
Por vezes lembro-me, numa daquelas primeiras telenovelas brasileiras em que a imaginação se não refugiava apenas na sacanagem constante e confusa para fazer uma história, de ver o velho Atílio acabar seus dias mexendo a trampa de boi que juntara numa velha banheira, na esperança de, um dia, a ver transformar-se em oiro! Uma alquimia diferente mas com tão bons resultados como qualquer outra.
Então por que não imaginar que, um dia, um pirilampo gigante iluminará a escuridão deste túnel onde nos perdemos?
Continuaremos no túnel cada vez mais fétido e, do mesmo modo que o Atílio, morreremos, mas cheios de esperança no oiro que não brilhará!

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