Eu
creio que ninguém estará suficientemente informado para tomar as decisões mais
adequadas para a sua vida e muito menos para prevenir as contingências com que
o futuro o confrontará.
Como
nenhum de nós tem acesso às pastas dos segredos que só os mandões podem
consultar, a sabedoria ao nosso alcance provem de longos e enfastiantes
discursos que certos doutores debitam em artigos de opinião e em “painéis” de
sabedorias que me fazem lembrar os bruxos daqui e dali que adivinham o futuro
que nunca acontece.
Mesmo
assim, todos os ouvem, todos pagam para saber o que dizem, permitindo-lhes
significativos retornos pelos quais ninguém reclama na hora em que se dá conta
do embuste em que caiu.
De
resto, nunca ninguém prometeu revelações nem se propôs ensinar o que não sabe.
Preenchem-se aquelas horas de emissão para as quais não havia outro assunto e as
áreas de papel que, sem estas coisas, teriam de ficar em branco.
O
pior é a confusão em que nos deixam os opinadores que nunca estão de acordo.
Escolho
um e faço dele o meu oráculo, esforço-me por encontrar alguma coerência nas
divergências que têm ou nem quero saber do que digam e seja o que Deus quiser?
Depois
do que tem acontecido nestes tempos do passado recente, nos quais vimos coisas
que, há não muito tempo ainda, julgaríamos impossíveis de acontecer, não me
parece que, agora, alguém se surpreenda por ver seja o que for do muito que
ainda por aí virá.
Afinal há toda uma vida escondida, disfarçada em aparências de competência que
depois se viu não ser, em reconhecimentos de grandes feitos que, na realidade,
o não foram.
Mas
nada tem como voltar atrás. Continuam cavaleiros não sei de qual Ordem uns que
nem de burro conseguem andar, aparecem prodígios, por vezes aos pares, cujos
disparates parecem ser os profundos conhecimentos que ao mundo faltavam para se
livrar de tanto problema que o afronta e sair do túnel em que há tanto tempo se perdeu.
Enfim,
há sempre um pirilampo que passa e que, pela ténue luz que uma arte qualquer
que possui faz brilhar, nos leva a crer estar o túnel a acabar e, de novo,
veremos a luz do dia enevoado que, infelizmente, nos espera! Pobre esperança
que por tão pouco tempo nos aqueceu a alma.
Por
vezes lembro-me, numa daquelas primeiras telenovelas brasileiras em que a
imaginação se não refugiava apenas na sacanagem constante e confusa para fazer
uma história, de ver o velho Atílio acabar seus dias mexendo a trampa de boi que
juntara numa velha banheira, na esperança de, um dia, a ver transformar-se em
oiro! Uma alquimia diferente mas com tão bons resultados como qualquer outra.
Então
por que não imaginar que, um dia, um pirilampo gigante iluminará a escuridão
deste túnel onde nos perdemos?
Continuaremos
no túnel cada vez mais fétido e, do mesmo modo que o Atílio, morreremos, mas cheios
de esperança no oiro que não brilhará!
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