Ainda
é muito cedo para ter a noção de todos os efeitos que o “Brexit” produzirá e
que serão muitos.
Mas
estou convencido de que os maiores se farão sentir no próprio Reino Unido que,
tudo o mostra, bem corre o risco de deixar de o ser.
A
Europa, por si, continuará a bagunça que era ou, e esse seria o milagre,
aprenderia uma lição com este “não” que lhe deram, sabendo que em diversos
outros membros o mesmo pode acontecer se certas mudanças políticas tiverem
lugar. Em Portugal com o BE, em Espanha com o Podemos, em França com Marie Le
Pen…
É
próprio do ser humano, quando dá conta que vai por maus caminhos, mudar de
direcção, mesmo sem fazer ideia de para onde o novo caminho o conduzirá. Foi o
que fez o RU. Que o não faça a Europa.
Uma
pequeníssima maioria de britânicos, 1,9%, dos quais alguns já manifestaram o
seu arrependimento ou declararam as razões estúpidas (o termo não é meu) pelas
quais votaram a saída, conseguiu a saída da União que sempre odiaram, apesar
de todas as vantagens que dela tiraram para se livrarem da situação precária
que viviam após a II Guerra Mundial, mas a Escócia reforça a sua vontade de ser
totalmente independente e se manter na UE, a Irlanda poderá unificar-se finalmente
e, assim, a Irlanda do Norte continuará na UE.
Londres
que conhece bem os prejuízos que a saída lhe trará, transformar-se-á como que
um enclave que não alinha as suas ideias pelas do País de Gales e dos “Midlands”
que foram quem votou maciçamente na saída, mas pouco poderá fazer.
Na
UE, muitas empresas e cidadãos britânicos criaram laços e dependências que a
saída do RU torna muito difíceis de manter e, talvez por isso, certos arranjos
acontecerão, como parecem mostrá-lo algumas alterações empresariais já meio
anunciadas e, esta parece-me a cereja no topo do bolo, a procura, por muita
gente, do modo de manter a “cidadania europeia” através de passaportes de
outras nacionalidades e, assim, evitar os sérios problemas que o Brexit lhes
causa.
E
como por essa Europa fora os eurocépticos fundamentalistas continuam a ser
bastantes e algumas nacionalidades reclamam ser um Estado, alguns movimentos inevitavelmente
surgirão, por exemplo como os que o primeiro ministro espanhol pretende evitar,
pelo menos na Catalunha e no País Basco, opondo-se à possível aceitação da
Escócia na UE.
Aconteça
o que acontecer, não creio que alguma coisa possa parar as profundas mudanças
que o Brexit desencadeou.
A UE
não vai desaparecer, mas o RU talvez!
Mas,
depois de tudo isto, os grandes problemas latentes vão continuar e a
Europa caminhará para o colapso se não os resolver.
Os
abutres já cheiraram a desgraça e estão à espreita para o banquete, a menos que
tenha chegado a hora de pensar!
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